quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Jeitosinha Cap XIV

Jeitosinha e Arlindo nas mãos dos ETs

Lentamente Jeitosinha foi recuperando a consciência. Nos primeiros minutos, aquele cenário de ficção científica parecia apenas um sonho estranho. Mas à medida que as imagens ganharam contornos e cores - e que aflorou em sua mente a lembrança dos últimos momentos no carro - um indescritível pânico tomou conta de nossa heroína.

Seu grito agudo acordou Arlindo que, como ela, encontrava-se atado a uma chapa metálica, quase verticalmente.

A sala estava deserta mas, minutos depois, duas das criaturas verdes entraram no ambiente.
Mesmo sendo de uma espécie muito diferente, Jeitosinha sentiu que aqueles seres estavam muito tristes. Seus enormes olhos revelavam esta condição. Usando um estranho aparelho, que acoplado à boca do extraterrestre funcionava como um tradutor, a criatura que parecia liderar as demais dirigiu-se ao casal.

- Creio que lhe devemos explicações...
Jeitosinha e Arlindo estavam paralisados pelo medo. O homem verde continuou :
- Meu planeta está passando por uma crise terrível. Construímos uma civilização poderosa e avançadíssima. Controlamos todo a nossa galáxia, mas estamos condenados à extinção.

Os rostos curiosos dos irmãos não moviam um só músculo, enquanto o ET narrava sua história.
Ele explicou que, por um capricho da biologia que a ciência não conseguiu contornar, estava nascendo em seu planeta um número infinitamente inferior de mulheres, numa comparação com o número dos homens. Pelos cálculos dos cientistas, em não mais que quinhentos anos seu povo terá desaparecido, a não ser que se encontre uma alternativa para se reverter o quadro.

- Numa análise superficial - continuou a criatura - percebemos que talvez fosse possível utilizar as terráqueas para gerar nossos filhos. Se a idéia se confirmasse, nossa intenção era a de exterminar todos os homens e levar conosco as mulheres. Minha missão veio à Terra com o propósito específico de, analisando a anatomia feminina, abortar ou autorizar a operação.


O homem verde deixou-se desabar numa cadeira, vencido pelo desânimo.

- Mantivemos você sedada por seis horas - disse, dirigindo-se a Jeitosinha - e descobrimos, depois de estudá-la, que a máquina humana é muito mais complexa do que esperávamos. Vocês, mulheres terráqueas, são bastante parecidas com os homens.

Jeitosinha esforçou-se para não demonstrar sua enorme alegria : ao ser confundida com uma mulher, sem querer ela havia salvado a raça humana da destruição total !

- Vamos libertá-los e partir atrás de outros mundos. - Encerrou o ser.
Já de volta ao carro, ainda atônita por aquele turbilhão de emoções, Jeitosinha abraçou seu irmão e inimigo :
- Você entende, Arlindo ? Minha vida tem um sentido ! O que são nossas rusgas do dia-a-dia diante desta experiência tão avassaladora ?

Arlindo afastou Jeitosinha e esboçou um sorriso pálido.
- É, irmã. Foi bom. O dia está nascendo e devemos voltar para casa. Mas como a vida continua, amanhã você estréia no bordel.



O que estes ETs vieram fazer na história ? Será que se foram da mesma forma estúpida com que entraram ?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Jeitosinha Cap XIII

Reconciliação de Jeitosinha e Bruno

A família finalmente percebeu que Ambrósio estava desaparecido. Ele não havia voltado da pescaria nem dado sinal de vida. Marilena chamou a Polícia, que pareceu não dar muita importância à ocorrência. Os dois policiais fizeram poucas perguntas, anotaram um boletim de forma burocrática e se foram em poucos minutos, levando uma foto do homem.
Jeitosinha chegou em casa quase na hora do almoço. Os irmãos não perceberam que ela passara a noite fora, mas sua mãe sim.


- Onde você estava ? - Perguntou. Jeitosinha ignorou a abordagem.
- Sorte sua seu pai não estar por aqui. Ele não ia gostar disso... - insistiu Marilena, com um tom seco de reprovação na voz. A resposta da filha foi carregada de ironia :
- O que poderia preocupá-lo, mamãe ? O risco de que eu perca a virgindade ou volte grávida para casa ?
Marilena tentou acariciar o cabelo da filha, que afastou sua mão com um gesto brusco.
- Não me encoste ! Eu odeio você ! Um fio de lágrima escorreu pela face esquerda da sofrida mãe.
- Querida... Você é tão jovem... Tem uma vida pela frente ! Ainda há tempo de encontrar a felicidade...
- Como eu poderia ser feliz ? Eu sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem !
- Veja o lado positivo... - tentou consertar Marilena - Você não tem tensão pré-menstrual, não precisa sentar-se em privadas sujas de boate... Mantenha a calma e a resignação. Você ainda encontrará algum homem que a aceite como você é !

"Sim", conjecturou Jeitosinha. "Este homem talvez seja Bruno. Mas como ele estará se sentindo depois de nossa estranha noite de amor ?". Ela pensou durante todo o dia no seu amado, reunindo forças para enfrentar sua primeira noite no bordel de luxo.

Curiosamente, a expectativa de entregar-se a estranhos não a incomodava. Desde a revelação de sua condição, ela não se reconhecia naquele corpo. Não sentia que tivesse que zelar dele.
Eram nove da noite quando Jeitosinha entrou no fusca de Arlindo, rumo à casa de encontros. O local ficava próximo, mas era preciso percorrer um pequeno trecho numa estrada pouco movimentada.

Justamente quando passavam pela parte mais escura e deserta do percurso, uma luz surgida do nada cegou momentaneamente Arlindo, impedindo-o de dirigir. O rapaz pisou no freio abruptamente. Antes que pudessem esboçar qualquer reação, as duas portas do carro foram abertas, e o casal foi retirado de dentro do veículo por mãos poderosas.

Pouco antes de tomar uma descarga elétrica que a faria perder os sentidos, Jeitosinha pôde ver a face de seus raptores : eram homenzinhos verdes vestindo estranhos macacões prateados.




Jeitosinha e Arlindo nas mãos de Ets !

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Jeitosinha - Capítulo XII

Pretenções de Arlindo

Jeitosinha não acreditava no que acabava de ouvir. Desde a revelação de seu trágico segredo, sentia-se num pesadelo sem fim. Não bastasse todo o ódio em seu coração, o estranho desfecho da morte do pai e a perda de Bruno, seu amado, agora a nossa heroína era chantageada pelo cruel Arlindo !


- Você quer que eu me prostitua?
- Sim. - concordou o irmão, sem um pingo de emoção na voz - Existe um bordel de luxo aqui perto de casa... Pessoas exóticas como você podem ter um bom valor no mercado.
- Mas... Eu sou virgem ! Sou inocente ! - retrucou Jeitosinha, aos prantos.
- Pois você tem até amanhã para aprender o que precisa.


Arlindo deixou o quarto da loira batendo a porta. Adenair entrou em seguida, curioso em saber o que acontecera. Jeitosinha contou resumidamente a história.
- Mas não pode ser ! Você precisará matá-lo também ! - reagiu o enrustido, batendo o pezinho nervosamente.
- Sim, mas não poderei fazê-lo agora. Não com o estranho desaparecimento do corpo de papai. Precisamos desvendar primeiro este mistério. - disse Jeitosinha, recompondo-se.
- Então você...
- Não resta outra alternativa, Adenair. Terei que me submeter aos caprichos de Arlindo. E pode ter certeza : estarei mais pronta amanhã do que ele pensa !


Pela primeira vez desde o rompimento, Jeitosinha voltou àquela noite ao apartamento de Bruno. Encontrou-o em estado de total desespero, sorvendo doses e mais doses de uísque barato.
- Você destruiu a minha vida ! - Lamentou o jovem.
A loira, usando um vestidinho curto, sentou-se no seu colo. Numa explosão de luxúria, enfiou a língua na boca de Bruno, antes que ele pudesse esboçar qualquer reação.
Num primeiro momento ele retribuiu ao carinho, mas logo lembrou-se de que estava beijando um homem. Rejeição e desejo se sucediam em ondas no coração de Bruno. Mas ele havia bebido bastante e amava Jeitosinha...


No dia seguinte, consumada uma louca e completa noite de amor, a loira acordou e viu Bruno, de pé, contemplando-a . Ela abriu um sorriso, mas não foi retribuída.
- Você é tão bonita... - murmurou o rapaz, com um semblante que mais sugeria um lamento que um elogio.
- O que você achou da noite, meu amor ?
- Eu... Eu estou confuso... Foi tudo muito diferente... Me vi fazendo coisas que nunca imaginei ser capaz...
- Calma amor... - respondeu docemente Jeitosinha - Sente-se aqui ao meu lado. Vamos conversar melhor sobre isso...
- Bem... - respondeu Bruno, com um sorrisinho sem graça - podemos até conversar. Mas sentar eu não consigo...



Jeitosinha e Bruno irão se reconciliar ?

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Jeitosinha - Capítulo XI

Revolta de Arlindo

- Você nunca me enganou, Jeitosinha... - A voz de Arlindo destilava revolta e ódio.
- Vou contar seu segredo ao papai, assim que ele voltar da pescaria ! Aliás, vou contar ao mundo !
- Contar ao papai ? - Espantou-se a moça. Então Arlindo não sabia que o pai estava morto ! Não foi ele quem escondeu o corpo !
Jeitosinha estava tão fragilizada que acabou assumindo sua bizarra condição ao irmão.
- Sim, Arlindo. Sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem. Mas sou a maior vítima desta situação ! Eu lhe imploro : não revele o meu segredo !
- Não adianta, Jeitosinha... - retrucou o magoado Arlindo - Toda a minha vida brinquei com cavalinhos feitos de palitos de fósforo fincados em batatas, enquanto a princesa tinha os mais caros brinquedos. Toda a minha dormi espremido num beliche, com os pés do Amarildo tocando as minhas narinas, enquanto você tinha seu quarto e finos lençóis de seda...


Arlindo agarrou Jeitosinha pelos braços e fitou o fundo de seus olhos.
- Mas o que eu nunca vou perdoar mesmo foi aquela surra que levei quando descobri a verdade sobre você... - Arlindo tremia de rancor.
- Mas nem eu mesma sabia ! - Tentou defender-se Jeitosinha.
- Chega ! Chega de suas mentiras !
Arlindo virou-se em direção à porta. A irmã, desesperada, lançou-se ao chão e abraçou seus pés.
- Não, Arlindo... Por favor ! Eu faço qualquer coisa !
- Qualquer coisa ? - O tom do rapaz agora era mais suave. - Comece mostrando-se para mim. Quero vê-la nua !
Relutante, Jeitosinha livrou-se de suas roupas e revelou seu corpo perfeito de mulher.
Bem, quase perfeito.


- Não é justo... - Balbuciou Arlindo, apontando o apêndice que fazia de Jeitosinha um quadro surrealista - Até neste quesito você ganha de mim...
- Por favor, não seja rude comigo...
- O que ? - espantou-se o moço - Você imaginou que eu quero tocar você ? É ruim, heim ?
- Mas... O que você quer então ? - Perguntou a moça, voltando a se vestir...
- Você vai me render dinheiro, irmãzinha. Muito dinheiro !





O que Arlindo pretende ? Como Jeitosinha sairá dessa ?