quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Jeitosinha - XVIII

Tá quase acabando!! ooo troço longo!! ahuahuah

Capítulo XVIII - Será que Bruno e Adenair são...?

Ambrósio não conseguia se lembrar exatamente quem ele era. Imagens confusas de um travesti loiro com uma moto-serra lhe vinham à mente, enquanto ele reconhecia alguns trechos do caminho. Acabou chegando até a porta de sua casa, mas não teve coragem de entrar, especialmente porque não tinha a menor idéia de que lugar era aquele.

Viu que dois homens jovens conversavam, sentados num banco da varanda. O dia estava quase nascendo. Do outro lado da rua, Ambrósio reconheceu algo de familiar naqueles rostos.
Mas quem seriam ? Aliás, quem seria ele mesmo ? O homem subitamente percebeu que sequer podia lembrar-se de sua própria face. Procurou algum vidro ou espelho onde pudesse se ver refletido. Numa grande e quieta poça de água, viu sua cara monstruosa.

Com um grito aterrador correu rumo a um matagal próximo. Estava confuso e com medo.
Bruno e Adenair ouviram o grito, mas não deram muita importância.

- Você pode se abrir comigo, Bruno. Sei tudo a respeito de Jeitosinha.
- Tudo ? - surpreendeu-se.
- Sim... Ela é uma vítima, tanto quanto você...

Pelo comentário, Bruno percebeu que talvez Adenair não soubesse que a irmã era uma prostituta. "Se ela conseguiu me enganar, porque não enganaria o irmão?", perguntou-se. Tombando diante da pressão, Bruno chorou convulsivamente.

Adenair puxou-o em direção ao peito, abraçando-o e acariciando seus cabelos. Bruno pôde perceber que o toque e o suave perfume do rapaz lembravam muito os de sua irmã. Sentiu-se confortável por alguns minutos.

"Enxugando as lágrimas, Bruno viu bem de perto os olhos de Adenair, tão parecidos com os de Jeitosinha. Só então deu-se conta de que algo estranho acontecia ali: o apoio que estava recebendo, mais físico e mudo do que um simples diálogo, não é comum entre os homens.

- Adenair, porque você me abraçou deste jeito ? - perguntou, temendo a resposta.

Num matagal a poucos metros, Ambrósio começava a se dar conta de quem era. Talvez por um bloqueio, causado pela morte violenta ou pelo processo utilizado para trazê-lo de volta à vida, não associava o travesti loiro à sua amada Jeitosinha.

Mas já sabia que ele era o chefe daquela casa que reconhecera, e que estava deformado por alguma terrível razão, a mesma pela qual sentia-se impelido a manter-se escondido.
Na varanda da casa, Adenair começava sua revelação. Cada palavra pronunciava doía como um parto.

- Bem, Bruno... Também tenho um segredo...




Será que Bruno e Adenair... hmmm... Será ? E Ambrósio ? Vai querer vingança ?
As perguntas são as mesmas, provando que não é só a novela das oito que enrola a gente...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jeitosinha - XVII

Capítulo XVII - Bye bye Ets

Condenados a sair da história pelos leitores deste folhetim, que entupiram nossa caixa de e-mails com pedidos neste sentido, os Ets finalmente se preparam para voltar ao seu planeta ameaçado.

- O que você andou fazendo a tarde inteira ? - Perguntou um dos membros da equipe ao chefe da expedição, um cientista brilhante em seu mundo.
- Nada demais... Encontrei os restos de um humano esquartejado e, só para me distrair, o trouxe de volta à vida... - disse, apontando uma figura no canto do laboratório.
Toda a tecnologia dos homenzinhos verdes não foi suficiente para impedir que, visualmente, o resultado final ficasse sofrível. Mas era possível reconhecer, naquele homem repleto de cicatrizes, as feições de Ambrósio.
- Ele recuperou a memória e a razão ?
- Está um pouco confuso ainda... - disse o cientista.
- Talvez nunca volte a ser o que era antes, mas foi divertido brincar de de Deus e inverter a ordem natural das coisas, antes de deixar definitivamente este mundinho atrasado. Sabe-se lá o que este monstro fará nesta sua volta à vida...

A nave deixa o homem à beira da estrada deserta e levanta vôo rumo ao infinito.
Não muito longe dali um cabisbaixo Bruno faz seu caminho de volta para casa, ainda entorpecido pela descoberta de que sua doce Jeitosinha era uma garota de programa.

Como se não bastasse, sentia a confusão mental causada pela percepção de que sua experiência com o travesti no Bordel foi totalmente inconclusiva. Até o momento em que Jeitosinha interrompeu o ato sexual, ainda não havia encontrado prazer. Mas era difícil saber como a coisa iria terminar.
Bruno não tinha pressa para chegar a lugar nenhum. Precisava pensar e, talvez involuntariamente, acabou passando em frente à casa de Jeitosinha.

Sentiu um nó no coração ao ver a janela do quarto da moça. Saudades de um passado perfeito e uma profunda revolta por sentir que um futuro feliz havia sido abortado.

- Bruno ?
Por um momento pensou ser Jeitosinha, mas a voz que vinha da varanda escura da casa era mais grave.
- Adenair ?
- Sim... - disse o suave irmão da loira, aproximando-se. 

- Você não parece bem... Quer conversar ?

Bruno encarou Adenair.
Ele nunca havia percebido o quanto o rapaz se parecia com Jeitosinha !

- Não creio que você possa me ajudar...
- Talvez eu possa... - respondeu o moço, com a voz tremula de emoção e desejo.





Será que Bruno e Adenair... hmmm... Será ? E Ambrósio ? Vai querer vingança ?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A saga de Jeitosinha XVI

Capítulo XVI - Surpresa

Bruno havia bebido a tarde inteira, buscando no álcool a coragem necessária para por a prova sua masculinidade. Por isso mesmo, a imagem de Jeitosinha, naquele bordel de luxo, observando-o em pleno ato de amor com um travesti, pareceu uma alucinação ou um sonho.

- Amor... Não é nada disso que você está pensando! - disse o rapaz, sem muita inspiração.
Depois, recuperando a sobriedade, foi tomado por um tipo diferente de perplexidade.
- Mas... Espera aí... O que você está fazendo aqui? - perguntou Bruno à sua amada, enquanto a prostituta, prevendo o barraco, saia de fininho.

Cheia de revolta, Jeitosinha disse a primeira coisa que lhe ocorreu para ferir Bruno :
- O que lhe parece ? Pelo visto você prefere as morenas... Mas nós, loiras, somos muito boas na arte de enlouquecer os homens...
- Não pode ser, meu amor... Diga que é um sonho... Me belisca para eu sentir dor e acordar !
- Depois do que eu vi pela fresta da porta, tem certeza de que não tem nada doendo aí ? - Alfinetou jeitosinha, cheia de ironia.
- Não ! Você não ! Não pode ser ! Não pode ser ! Bruno puxava os próprios cabelos com violência e rolava pelo chão num desespero patético. Jeitosinha apenas jogou os cabelos longos para o lado, com aquele gesto superior com que as loiras costumam descartar os simples mortais, e retirou-se do ambiente.

Seu coração por dentro estava em frangalhos, mas o que Bruno viu foi a imagem de uma mulher fria.
Com passos precisos e a elegância de uma modelo, Jeitosinha atravessou o corredor e voltou ao escritório de Madame Mary. Lá dentro, tombou de joelhos e começou a chorar.

- Não pode ser, Madame Mary... Meu amado, Bruno... Um homem tão puro e íntegro... Aqui! Com aquela... aquela... - a certeza de que não era tão diferente da exótica morena impedia Jeitosinha de achar a palavra certa.
- Os homens são todos iguais, minha criança - disse Mary, acariciando a loira. Uns animais capazes de qualquer coisa por um momento de luxúria. Eles nunca saberão o que é o amor verdadeiro. É justamente isso que torna tão fascinante a nossa arte de sedução...
Jeitosinha levantou os olhos e, agarrando-se às pernas da misteriosa mulher, implorou :
- Ajude-me, Madame! Ajude-me a ser como você !
- Claro, querida... Claro....

Madame Mary sabia que tinha nas mãos um diamante em estado bruto. Um diamante pronto para ser lapidado na dor de um coração partido.
A maioria dos leitores que nos escreveram sobre o Folhetim acham que os ETs não têm nada a ver com a história. Eles ainda vão terminar o que começaram, depois vão embora para sempre...




Não perca mais um emocionante capítulo da novela mais absurda Internet brasileira !


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Jeitosinha cap. XV

O júbilo de Jeitosinha durou pouco. Se num primeiro momento a idéia de ter salvo a humanidade era alentadora, horas depois o que a fantástica experiência lhe causava era mais revolta e dor.
De que adiantava ter salvo o mundo, se não obteria pelo seu ato qualquer tipo de reconhecimento? Para o restante da humanidade, ela continuava sendo aquele ser anacrônico, discriminado por fugir dos padrões.


Só uma pessoa na cidade estava se sentindo mais angustiado: Thiago.

Num bairro distante, trancado em seu apartamento, o pobre rapaz refletia sobre a grande – bota grande nisso – emoção que sentiu em sua primeira noite de amor com Jeitosinha.


“Será que eu gostei porque era a minha amada?”, perguntava-se. “Ou será que tamanho prazer adveio do fato de que tratava-se de um homem? Sou hetero ou gay?”.
- Quem é você? – Gritou Thiago angustiado, olhando sua imagem no espelho.

Sentia-se sujo. Seus desejos o incomodavam, como se ele tivesse experimentado a fruta do pecado.
Mas sabia que Jeitosinha era uma vítima, como ele. Ele podia entender que a namorada era um modelo de virtude e pureza, e que seu gesto, ao seduzi-lo, era apenas uma grande manifestação de amor!


Por um momento, olhou para o problema sob outra perspectiva, muito menos dramática: “Sim, Jeitosinha é pura. ?? a minha Jeitosinha. Em nome desta pureza vale a pena continuar com ela!”, concluiu.

Se ela fosse um travesti vulgar… mas não! Ela foi criada como uma mulher, sob rígidos padrões morais! Quem sabe eles ainda pudessem ter uma vida juntos, mantendo a condição de Jeitosinha em segredo?

Num fragmento de sonho, Thiago se viu casado com ela, vivendo grandes noites de amor e criando duas crianças adotadas – Cléverson Luís e Suelen Aparecida – como se fossem seus filhos biológicos. Pensou em procurar a sua doce amada naquele mesmo momento e propor a realização do casamento, tão desejado em tempos menos complicados.

Mas antes precisava enfrentar seu próprio demônio interior. Precisava saber se o que sentiu naquela noite mágica foi amor ou pura volúpia. Precisava, enfim, fazer amor com outro travesti e colocar-se à prova!

Thiago resolveu que aquela noite iria a um bordel atrás de respostas. Iria buscar reviver, com uma vulgar criatura da noite, emoções tão… hã… grandes quanto as que viveu com sua inocente Jeitosinha.



Mal poderia imaginar a grande surpresa que o esperava…