A conversa com os pais Capítulo XXIV
- Adenaíra contraiu uma gravíssima infecção hospitalar, filho...
Bruno
ficou chocado com a notícia. O Adenair que conhecera era tão alegre,
tão saltitante... "Assim, adormecido e com esta touca, é incrível a
semelhança com Jeitosinha", pensou. Adenaíra abriu os olhos e viu Bruno,
ao seu lado, com as bandagens envolvendo a cabeça.
- O que houve, meu amor? - balbuciou.
- Nada, não se preocupe. Caí da escada - mentiu o rapaz, numa tentativa de minimizar o sofrimento daquela recém mulher.
- E-eu... f-fiz isso por você, Bruno. Fiz por amor...
Os olhos de Adenaíra voltaram a se fechar.
- Doutor... Quais as chances? - perguntou o angustiado rapaz.
-
Depende muito. Ela pode simplesmente se entregar à doença, e as chances
serão mínimas. Mas se ela se apegar a algo que a faça querer viver, e
se o antibiótico em estoque não for de Maizena, talvez ela tenha alguma
chance.
- É uma pena... Gostaria de poder ajudar.
- Você pode! - disse o médico - Ela o ama! Dê-lhe esperanças!
Bruno
continuava perdidamente apaixonado por Jeitosinha. E o que é pior: por
Jeitosinha completa, versão de fábrica. "Se Adenair soubesse que seu
sacrifício ao realizar a cirurgia apenas aumentou o abismo entre
nós...", refletiu. Mas por outro lado, tentar salvar uma vida era
motivação suficiente para fazê-lo recuperar o amor pela sua própria
existência, depois da grande desilusão de encontrar a amada trabalhando
num bordel. Via como algo mais que uma simples coincidência o fato de
que estavam juntos num mesmo ambulatório.
- Tudo bem, doutor. Eu vou ajudar! - concluiu, conformado com aquele jogo do destino.
Em
sua casa, sozinho no quarto, Ambrósio tentava reorganizar suas idéias.
Será que foi mesmo vítima de Jeitosinha? E os homens verdes? Novas
imagens se formaram em sua mente depois do choque diante da detetive
Vanessa. Lembrava-se, remotamente, de uma linda menina loira, que ele
amava muito. Sim, talvez fosse Jeitosinha. Ele começava a se lembrar
dela. Para preservar sua sanidade, Ambrósio estava disposto a não
associar a filha àquela cena dantesca, e simplesmente esquecer o
ocorrido.
Mas Jeitosinha não.
"Aproveitando-se do fato de que
estavam a sós na casa, a moça entrou no quarto dos pais para conversar
com o seu deformado genitor...
- Papai...
- J-jeitosinha? -
Ambrósio ainda tinha uma ponta de medo na voz - D-desculpe-me pelas
acusações na sala. Minha cabeça não anda boa.
- Engana-se, velho sórdido. Sua cabeça anda melhor do que você pensa.
Ambrósio
foi tomado pelo pânico! Aquele sorriso sarcástico e cruel! Sim, não
fora uma fantasia! Jeitosinha o havia mutilado com a moto-serra!
- Não! - Gritou o homem - Me deixe em paz! Socorro!
- Grite... Ninguém lhe ouvirá.
- Não me mate! - implorou, de joelhos, abraçando os pés da loira.
-
Eu não seria tão imbecíl. Não agora, com aquela detetive intrometida
por perto. Mas eu lhe aviso: se repetir aquelas acusações para quem quer
que seja, não pensarei duas vezes antes de consumar o serviço que
pensei ter finalizado...
- Sim, sim... - disse Ambrósio, patético,
entre lágrimas - Serei um túmulo! Mas... Por favor, me ajude... Ainda
não sei se estou bem... Me lembro de algumas imagens completamente
surreais... Homens verdes e... e...
Jeitosinha sorriu maliciosamente, abriu o zíper expôs seu enorme mistério.
-
Sim, Ambrósio. Pelo menos isto é real. Mas que história é essa de
homens verdes? Que idiota colocaria estúpidos homens verdes em nossas
vidas, tão cotidianas?
O homem sacudiu a cabeça, confuso. Jeitosinha acariciou sua cabeça, fazendo homem se encolher ainda mais.
- Vou deixar-lhe em paz por enquanto. Mas tenho um pedido, papai: você me ajudará no meu próximo plano de vingança... .
Lágrimas no hospital! Sexo e violência! Não perca, últimos capítulos!" Lágrimas no hospital Capítulo XXV
Jeitosinha entregou ao pai uma caneta e um pedaço de papel.
- Assine esta folha em branco...
- M-mas... Filha... Você sabe que eu não tenho nenhuma posse...
- Apenas assine!
Meio vacilante, Ambrósio escreveu seu nome no papel.
- Pronto. Estou livre agora?
- Sim... - disse a moça, sorrindo sarcasticamente - Tenha bons sonhos...
Jeitosinha
foi para seu quarto e esperou pacientemente que todos voltassem para
casa. A mãe, que sempre se envolvia nas atividades da Igreja, voltou de
uma novena. Os irmãos foram chegando, um a um, se amontoando em volta da
TV, como sempre faziam. Normalmente Arlindo, mais arredio, preferia
ficar lendo em algum canto da casa, até que todos se recolhessem. Era a
hora em que finalmente tinha a sala só para ele, e ficava zapeando os
canais de TV.
No silêncio da madrugada, Jeitosinha aproximou-se de
Arlindo, vestida como uma Diva do cinema. O longo vestido negro, que
exibia seus ombros e expunha parte dos seios... a abertura lateral, por
onde podia-se ver furtivamente a longa extensão de sua perna esquerda...
O par de luvas cobrindo os braços até além do cotovelo... Tudo remetia a
inesquecível Gilda.
Arlindo surpreendeu-se com a maturidade da beleza da irmã, que trazia num copo uma dose de uísque on the rocks.
- Sabe, irmão, às vezes a felicidade chega até nós por caminhos estranhos...
- O que você quer dizer? - espantou-se.
- Quero dizer que encontrei meu verdadeiro eu no bordel de Madame Mary. E devo isso a você.
Jeitosinha sorveu um gole generoso de uísque e ofereceu o copo ao irmão.
- Beba comigo. Vamos selar com esta dose de uísque a paz entre nós.
"Arlindo
pegou o copo com desconfiança. Mas a irmã acabara de provar da bebida,
descartando a possibilidade de que ela estivesse envenenada. Nervoso,
ele bebeu todo o líquido do copo, devolvendo-o à loira.
Jeitosinha
pegou uma pedra de gelo e passou provocativamente no pescoço e nos
seios. Depois, debruçou-se sobre Arlindo, alisou sua coxa direita e,
tocando os lábios em seu ouvido esquerdo murmurou:
- Amanhã, irmão querido, todos nós começaremos uma vida nova...
A
loira disse esta frase enigmática e se retirou. O cruel Arlindo chegou a
pensar que sua irmã estava tão desequilibrada quanto o pai. Mas logo
voltou a entreter-se com um filme barato de TV, antes de mergulhar em um
sono profundo.
No hospital público, Adenaíra abria os olhos:
- B-bruno... Pensei que tinha sido um sonho.
- Estou aqui. Estou te esperando... - A frase brotou sem nenhuma convicção.
- M-me esperando? - Perguntou a nova irmã de Jeitosinha.
- Sim. Você precisa lutar. Precisa superar esta doença. Vou estar ao seu lado.
- Oh, Bruno! Você vai me dar uma chance?
- O tempo dirá. Por enquanto, prometo-lhe apenas minha atenção e minha amizade.
-
Você não sabe como este simples fio de esperança me deixa feliz! -
Disse a moça, já com uma certa luz no rosto pálido pela febre.
Na
manhã seguinte, Arlindo acordou no mesmo sofá onde bebera com
Jeitosinha. Mas estava cercado por policiais e algemado. No comando da
operação, a detetive Vanessa dirigiu-se a ele, mostrando no semblante a
realização pelo dever cumprido.
- Você está preso.
- M-mas... Eu não fiz nada! - Espantou-se o rapaz - Qual a acusação?
- Assassinato!
- Não! - O grito de Arlindo ecoou pela sala. . .
Quem morreu? ! Não perca o próximo capítulo!" Quem morreu? Capítulo XXVI
- Eu não matei papai!
Arlindo gritava com a convicção dos inocentes, mas a detetive Vanessa estava impassível.
- Você vai explicar isso ao tribunal. Temos evidências mais do que suficientes para prendê-lo.
- Quais? Quais são as evidências? - perguntou, inconformado.
-
Seu pai amanheceu morto, e tudo indica que foi envenenado. Sua mãe
percebeu logo no começo da manhã e nos chamou. Enquanto você dormia,
procuramos pistas pela casa e encontramos no fundo de sua gaveta de
cuecas o frasco de um veneno muito eficaz...
- Não pode ser! - interrompeu o encrencado Arlindo - Alguém colocou isso lá para me incriminar!
Vanessa sorriu, com sua frieza habitual.
-
Não adianta, Arlindo... É melhor confessar. Você não contava com isso,
mas seu pai, prevendo o seu trágico destino, escreveu uma carta...
A moça fez um sinal com os dedos e um dos assistentes entregou-lhe o pedaço de papel. Vanessa prosseguiu.
-
Estava no bolso do pijama de Ambrósio. Veja o que diz: "Se alguém
encontrou esta carta, provavelmente já estarei morto. O fato é que
recobrei minha memória. Arlindo, meu filho mais velho, foi o responsável
pela primeira tentativa de assassinato. Ainda não sei o que farei, mas
como ele pode tentar de novo, deixo registrada esta denúncia. Arlindo
nunca me perdoou por uma grande surra que lhe dei em sua adolescência, e
nunca me perdoou por gostar mais de Jeitosinha. Percebendo que eu
finalmente começava a me lembrar de tudo, passou a me ameaçar. Tenho
medo de procurar a Polícia. Aliás, como tornei-me um monstro, não faz
tanta diferença estar vivo ou morto. Tudo o que desejo é que, caso dê
cabo de minha vida, o cruel Arlindo seja punido"... Ambrósio assina a
carta. É claro que ainda faremos um exame grafotécnico...
- Não pode ser! Este bilhete é forjado! Você verá! - disse o primogênito de Ambrósio e Marilena.
-
Há ainda uma terceira pista. - completou Vanessa - Existe este copo,
encontrado ao lado da cama do seu pai, com resíduos do mesmo veneno
encontrado em seu quarto, dissolvido em suco de groselha. Nele, há
digitais de duas pessoas diferentes.
"Sim!", pensou Arlindo. "Agora
eu entendo! Foi Jeitosinha! Ela me serviu uísque, ontem, neste mesmo
copo. Como ela usava luvas, só as marcas de meus dedos estão no vidro!".
Em pânico, e tremendo de ódio, Arlindo apontou para a irmã:
- Foi ela! Ela é uma farsa! Um travesti maníaco e assassino! A senhora ouviu, detetive, o próprio papai dizendo isso!
-
Seu pai estava muito abalado. Este tipo de confusão é comum... Mesmo
sem querer, Jeitosinha era o pivô dos desentendimentos. Talvez por isso
ele a tenha visto em seu delírio. Agora... Que história é essa de
travesti?
"- Vanessa dirigiu a pergunta a Marilena.
- Arlindo está tentando confundi-la, detetive. - A mãe não perdeu a chance de socorrer a filha naquele momento dramático.
- Quer comprovar? - Disse Jeitosinha, contando com a negativa de Vanessa.
- Não é preciso, querida. Sei bem como são os homens. Estão sempre tentando encontrar algum defeito nas mulheres bonitas...
Vanessa dirigiu-se aos assistentes e ordenou:
-
Levem-no. Vamos esperar o exame da letra no bilhete e das marcas no
copo. Você vai aguardar na cadeia o resultado, Arlindo. E caso se
comprovem as evidências, não sairá de lá tão cedo...
Debatendo-se e
gritando, o cruel Arlindo foi recolhido ao camburão. Os policiais
deixaram a casa e Marilena finalmente demonstrou sua dor num choro
convulsivo. Na verdade sentia-se aliviada pelo fim de Ambrósio, mas não
se conformava com o fato de que um de seus filhos tivesse assassinado o
homem.
- Jeitosinha... Porque Arlindo tentou incriminá-la?
- Você sabe que ele me odeia, mamãe...
Jeitosinha
estava calma e segura. Beijou suavemente o rosto de Marilena e foi para
o quarto, já pensando no próximo ato de seu circo de horrores.
Não perca os últimos capítulos da novela mais trash da web!
Obs: Tá quase acabando.. semana que vem sai o ÚLTIMO CAPÍTULO!! ahahhah
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Regras para Comentários:
Todos os comentários deste blog são previamente moderados.
Para que seu comentário seja aprovado aqui, por favor, siga algumas regras de etiqueta e educação:
- Se for comentar, atenha-se a comentar algo relativo ao conteúdo do post.
- Evite links desnecessários no conteúdo do seu comentário.
- CAIXA ALTA, miguxês, mimimis ou erros grosseiros de ortografia não serão tolerados.
- Não ofenda nenhuma outra pessoa que tenha feito comentários aqui ou a mim e ao blog.
- Se tem alguma diferença de pensamento do meu ou ache que eu ofendi algo ou alguém de alguma forma, me envie por e-mail e tentaremos resolver. Ofensas pessoais, ameaças e xingamentos não são permitidos.