domingo, 27 de dezembro de 2015

Maionese sem leite e sem ovos

Ingredientes
300g de inhame
cheiro verde
tomilho ou qualquer tempero de sua preferência
azeite extra-virgem
sal
Modo de preparo
Cozinhar o inhame, escorrer a água e bater no mixer ou liquidificador até ficar um creme. Divida em duas partes e deixe a metade no liquidificador. Tempere com o limão, cheiro verde, tomilho, sal e azeite de oliva.
A outra metade pode ser temperada com outro sabor de sua preferência.
Conserve na geladeira por até cinco dias.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Jeitosinha - Cap. FINAL

Finalmente: Capítulo XXVIII

- O que Bruno lhe disse de tão importante aquela noite? - Perguntou Jeitosinha, ansiosa, ao travesti Kátia Trovoada.
- Bom, menina... Ele chegou aqui todo sem gracinha. Estava bem bêbado, mas nem por isso perdeu a timidez...
- Sim... E então? - A loira mal controlava suas emoções.
- Então eu perguntei como ele queria, e coisa e tal... Ele me disse que era a sua primeira vez num lugar como esse, e provavelmente a última...
- O que mais?
- Bem, ele disse que não estava a vontade, mas que precisava se colocar a teste... Por amor. Na ocasião não entendi nada, pensei que era coisa de bêbado, mas agora entendo...

Os olhos de Jeitosinha brilharam:

- Sim! Como não pensei nisso antes? Ele queria saber se conseguiria se adaptar ao meu estranho jeito de amá-lo!
- Ah, Santa... Carinha de quem estava se adaptando ele fez... - emendou Kátia, com um gesto afetado.
- Vou procurá-lo agora mesmo!

Enquanto Jeitosinha corria para os braços de seu amado, Bruno dava um ponto final em sua relação com Adenaíra. Foi uma longa conversa, que terminou num clima cordial.

- Não me leve a mal... Pensei que pudesse esquecer Jeitosinha, mas... É impossível. De alguma maneira, sinto que quando estou com ela tudo parece se encaixar...
- Se eu tivesse sabido antes não teria quebrado o pino do meu Lego... - lamentou Adenaíra - De qualquer forma, devo-lhe minha vida. Sou grata pelos dias que passamos juntos e pelos seus cuidados. Espero que um dia você e Jeitosinha possam voltar a se entender...
- Não creio ser possível... - Que segredo você guarda sobre ela? Existe algo mais, além da particularidade anatômica?
- Não me force a dizer. Só lhe adianto que sua irmã não é quem parece ser...

Neste momento a porta da sala se abre, de forma dramática.

- Sim, Bruno... Sim, meu amor! Sou sua Jeitosinha! Jamais fui tocada por outro homem que não você!

É claro que àquela altura do campeonato, falar sobre Laura Croft era perfeitamente dispensável. Aliás, ela era uma mulher...
"- Não pode ser ... Eu vi você naquele local deplorável!
- Eu vinha sendo chantageado por Arlindo... Mas não cheguei a entrar em ação! É uma longa história meu amor...

Bruno começou a se despir de sua casca de rancor.

- Eu... eu também só fui lá naquele dia porque...
- Eu já sei... Esqueça, Bruno... Não diga nada... Apenas me beije!

Cabisbaixa, Adenaíra deixou o apartamento de Bruno e seguiu a esmo pelas ruas escuras da cidade.

Jeitosinha e seu homem se amaram loucamente, como estavam predestinados a fazer por muitos e muitos anos.

Não muito longe dali, uma nave espacial alienígena pousava no matagal.

- Porque voltamos, chefe? - Perguntou uma das criaturas verdes.
- Veja com seus próprios olhos! Compramos gato por lebre!

O ET entregou ao colega um exemplar de uma popular revista de mulher pelada.

- Ué... Aquela moça que trouxemos à nave tinha um detalhe a mais...
- Claro! Era um homem disfarçado!
- Como o senhor descobriu?

- Bem, já tínhamos até saído desta galáxia quando resolvi folhear umas revistas que levei de recordação deste planetinha atrasado. Foi aí que me deparei com estas fotos de mulheres nuas e percebi tudo: as fêmeas daqui são, aparentemente, exatamente como as nossas! Tudo indica que estão prontas para reproduzir nossos filhos!

- Que beleza, chefe! O que faremos?
- O óbvio: pegaremos uma outra mulher, nos certificaremos de que ela não tem nenhum complemento indesejável e voltaremos às nossas experiências!
- Então aproveita, chefe... - disse um dos homens verdes, olhando pela escotilha - Vem uma gatona ali!

E foi assim que Adenaíra acabou nas mãos dos extraterrestres. Por mais que os cientistas do outro mundo se esforçassem, continuariam sem entender o mecanismo de reprodução dos humanos.

Adenaíra nunca mais foi vista. E como Jeitosinha preferiu guardar segredo sobre sua experiência com os Ets, o planeta Terra nunca soube que duas irmãs, numa surpreendente manobra do destino, acabaram salvando a humanidade.

Hoje, quem vê na missa dominical Jeitosinha e Bruno, com suas lindas crianças adotadas, nem imagina que por trás daquela aparente normalidade repousa um segredo e uma história surpreendente.

E se você acha que os homenzinhos verdes são a parte mais absurda desta saga, é porque não viram Jeitosinha e Bruno em seus momentos de intimidade...


FIM



Obrigado a você, que acompanhou este Folhetim até o final.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Jeitosinha - Penúltimo capítulo

  Capítulo XXVII

Alguns dias que se passaram desde a morte de Ambrósio. Adenaíra vinha se recuperando da infecção hospitalar. Bruno a levara para sua casa e a convivência era amigável. A moça se esforçava para transformar aquele apartamento de solteiro em um lar, e o rapaz gostava de sua companhia. Mas não conseguia esquecer Jeitosinha e ainda sentia um, digamos, "vazio por dentro", se é que você me entende...
Como era de se esperar, os exames periciais confirmaram que tratava-se da letra de Ambrósio no bilhete. Provaram também que as digitais eram mesmo de Arlindo. Impotente diante da armadilha armada pela irmã, e diante das péssimas condições da carceragem, o rapaz simplesmente enlouqueceu.
Na casa de Jeitosinha todos se esforçavam para retomar as rotinas de suas vidas. Adenaíra escrevera, contando da operação e de como estava feliz em sua nova condição. Omitira, entretanto, que era hóspede de Bruno. No bordel de Madame Mary, Jeitosinha buscava superar a perda de seu amado nos braços de Laura Croft.
O treinamento da loira continuava. Na penumbra de seu escritório, a cafetina continuava instruindo Jeitosinha sobre os mistérios do amor e do sexo, mas ainda eram apenas aulas teóricas, o que já estava deixando nossa heroína impaciente.
- Às vezes sinto que a senhora, deliberadamente, está adiando minha estréia profissional - questionou um dia Jeitosinha.
Pela primeira vez, a sempre segura Madame Mary pareceu incomodada.
- Que bobagem, querida... Já lhe disse, tenho uma imagem a zelar... Tudo virá a seu tempo.
Jeitosinha vinha se abrindo cada vez mais com a patroa. Chegou a confessar o atentado com a serra-elétrica, o plano que incriminou Arlindo e o desejo de se vingar da mãe. Madame Mary a tudo ouvia, sem emitir qualquer opinião. Naquela tarde, entretanto, encontrou Jeitosinha mais fragilizada do que de costume.
- O que houve, criança? - Perguntou a cafetina.
- Não sei o que está havendo comigo, Madame Mary... - Disse a loira, com a voz embargada - Talvez seja a falta de Bruno, ou o remorso por ter tirado a vida de meu pai... Mas o fato é que estou fraquejando. Começo a achar que talvez mamãe não seja assim tão culpada pelo meu destino. Talvez seja a maior das vítimas, preservando um segredo por tantos anos apenas para poupar a todos da ira de Ambrósio.
- O que você quer dizer com isso? - perguntou Mary.
- Quero dizer que estou cansada de ódio e sofrimento. Vou buscar minha felicidade. E começarei procurando mamãe e dizendo que a perdôo...
- Não creio que você precise procurá-la... - disse Madame Mary, num tom de voz bastante familiar.
A mulher aproximou-se do fraco abajur que iluminava o escritório. Com lágrimas banhando o rosto, retirou sua máscara...
"- Mamãe? É você! Não pode ser!
- Claro que sou eu, querida... Você acha que com o salário de contínuo do seu pai conseguiríamos criar sete filhos e ainda comprar pra você a coleção completa da Barbie?
- Então é por isso que o meu treinamento nunca terminou! Você não queria prostituir a própria filha!
- Sim... Este foi apenas um dos muitos sacrifícios que fiz por você. Fui eu quem joguei fora os restos mortais de Ambrósio e limpei a bagunça da sala... O telefonema e o bilhete falando da pescaria também foram invenções minhas.
- Então... Papai realmente havia morrido? - espantou-se.
- Sim! Só não me pergunte como ele voltou à vida. Talvez tenha sido um milagre dos céus para poupá-la, Jeitosinha. Você já havia sofrido demais, e aquele plano da serra-elétrica era simplesmente ridículo... Você deixou suas digitais espalhadas pela casa inteira! O segundo crime foi muito mais requintado, e ainda puniu o chantagista do Arlindo!
Jeitosinha abraçou a mãe, emocionada (Imagine uma música melosa, executada por um naipe de violinos...). Finalmente, quase tudo parecia se encaixar. Era um novo tempo de recomeço. De repente Jeitosinha percebeu que o bordel nunca fora seu lugar. O que de fato a atraía era o magnetismo de Madame Mary, que não era ninguém menos que Marilena.
Não fosse a saudade que sentia de Bruno, tudo estaria perfeito em sua vida. No final daquela tarde, Jeitosinha se despediu das colegas de bordel.
- Vou tirar um tempo para mim. Preciso repensar minha vida... Talvez volte a esta casa como auxiliar de mamãe, não sei... O importante é que fiz muitos amigos aqui...
Laura Croft chorava copiosamente.
- Está tudo acabado entre nós?
- Sim, Laura... Não adianta. Bruno é o meu único amor. Preciso esquecê-lo antes de poder recomeçar com outra pessoa...
Laura pareceu entender. Tanto que deu a Jeitosinha um conselho bem prático:
- Se você o ama tanto, porque não tenta uma reaproximação? Tudo bem, ele pensa que você é uma de nós, mas você, em contrapartida, flagrou-o nos braços da Kátia Trovoada...
Kátia, o traveco moreno que possuiu Bruno, espantou-se:
- Aquele era o seu bofe? Ih, menina... Você está sofrendo a toa...
- Como assim? - surpreendeu-se Jeitosinha.
E Kátia começou a narrar o diálogo que ela e Bruno tiveram antes do ato de amor... .

Finalmente está acabando!=]

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Jeitosinha - Caps 24, 25 e 26

A conversa com os pais Capítulo XXIV


- Adenaíra contraiu uma gravíssima infecção hospitalar, filho...
Bruno ficou chocado com a notícia. O Adenair que conhecera era tão alegre, tão saltitante... "Assim, adormecido e com esta touca, é incrível a semelhança com Jeitosinha", pensou. Adenaíra abriu os olhos e viu Bruno, ao seu lado, com as bandagens envolvendo a cabeça.
- O que houve, meu amor? - balbuciou.
- Nada, não se preocupe. Caí da escada - mentiu o rapaz, numa tentativa de minimizar o sofrimento daquela recém mulher.
- E-eu... f-fiz isso por você, Bruno. Fiz por amor...
Os olhos de Adenaíra voltaram a se fechar.
- Doutor... Quais as chances? - perguntou o angustiado rapaz.
- Depende muito. Ela pode simplesmente se entregar à doença, e as chances serão mínimas. Mas se ela se apegar a algo que a faça querer viver, e se o antibiótico em estoque não for de Maizena, talvez ela tenha alguma chance.
- É uma pena... Gostaria de poder ajudar.
- Você pode! - disse o médico - Ela o ama! Dê-lhe esperanças!
Bruno continuava perdidamente apaixonado por Jeitosinha. E o que é pior: por Jeitosinha completa, versão de fábrica. "Se Adenair soubesse que seu sacrifício ao realizar a cirurgia apenas aumentou o abismo entre nós...", refletiu. Mas por outro lado, tentar salvar uma vida era motivação suficiente para fazê-lo recuperar o amor pela sua própria existência, depois da grande desilusão de encontrar a amada trabalhando num bordel. Via como algo mais que uma simples coincidência o fato de que estavam juntos num mesmo ambulatório.
- Tudo bem, doutor. Eu vou ajudar! - concluiu, conformado com aquele jogo do destino.
Em sua casa, sozinho no quarto, Ambrósio tentava reorganizar suas idéias. Será que foi mesmo vítima de Jeitosinha? E os homens verdes? Novas imagens se formaram em sua mente depois do choque diante da detetive Vanessa. Lembrava-se, remotamente, de uma linda menina loira, que ele amava muito. Sim, talvez fosse Jeitosinha. Ele começava a se lembrar dela. Para preservar sua sanidade, Ambrósio estava disposto a não associar a filha àquela cena dantesca, e simplesmente esquecer o ocorrido.
Mas Jeitosinha não.
"Aproveitando-se do fato de que estavam a sós na casa, a moça entrou no quarto dos pais para conversar com o seu deformado genitor...
- Papai...
- J-jeitosinha? - Ambrósio ainda tinha uma ponta de medo na voz - D-desculpe-me pelas acusações na sala. Minha cabeça não anda boa.
- Engana-se, velho sórdido. Sua cabeça anda melhor do que você pensa.
Ambrósio foi tomado pelo pânico! Aquele sorriso sarcástico e cruel! Sim, não fora uma fantasia! Jeitosinha o havia mutilado com a moto-serra!
- Não! - Gritou o homem - Me deixe em paz! Socorro!
- Grite... Ninguém lhe ouvirá.
- Não me mate! - implorou, de joelhos, abraçando os pés da loira.
- Eu não seria tão imbecíl. Não agora, com aquela detetive intrometida por perto. Mas eu lhe aviso: se repetir aquelas acusações para quem quer que seja, não pensarei duas vezes antes de consumar o serviço que pensei ter finalizado...
- Sim, sim... - disse Ambrósio, patético, entre lágrimas - Serei um túmulo! Mas... Por favor, me ajude... Ainda não sei se estou bem... Me lembro de algumas imagens completamente surreais... Homens verdes e... e...
Jeitosinha sorriu maliciosamente, abriu o zíper expôs seu enorme mistério.
- Sim, Ambrósio. Pelo menos isto é real. Mas que história é essa de homens verdes? Que idiota colocaria estúpidos homens verdes em nossas vidas, tão cotidianas?
O homem sacudiu a cabeça, confuso. Jeitosinha acariciou sua cabeça, fazendo homem se encolher ainda mais.
- Vou deixar-lhe em paz por enquanto. Mas tenho um pedido, papai: você me ajudará no meu próximo plano de vingança... .

Lágrimas no hospital! Sexo e violência! Não perca, últimos capítulos!"
Lágrimas no hospital Capítulo XXV

Jeitosinha entregou ao pai uma caneta e um pedaço de papel.
- Assine esta folha em branco...
- M-mas... Filha... Você sabe que eu não tenho nenhuma posse...
- Apenas assine!
Meio vacilante, Ambrósio escreveu seu nome no papel.
- Pronto. Estou livre agora?
- Sim... - disse a moça, sorrindo sarcasticamente - Tenha bons sonhos...
Jeitosinha foi para seu quarto e esperou pacientemente que todos voltassem para casa. A mãe, que sempre se envolvia nas atividades da Igreja, voltou de uma novena. Os irmãos foram chegando, um a um, se amontoando em volta da TV, como sempre faziam. Normalmente Arlindo, mais arredio, preferia ficar lendo em algum canto da casa, até que todos se recolhessem. Era a hora em que finalmente tinha a sala só para ele, e ficava zapeando os canais de TV.
No silêncio da madrugada, Jeitosinha aproximou-se de Arlindo, vestida como uma Diva do cinema. O longo vestido negro, que exibia seus ombros e expunha parte dos seios... a abertura lateral, por onde podia-se ver furtivamente a longa extensão de sua perna esquerda... O par de luvas cobrindo os braços até além do cotovelo... Tudo remetia a inesquecível Gilda.
Arlindo surpreendeu-se com a maturidade da beleza da irmã, que trazia num copo uma dose de uísque on the rocks.
- Sabe, irmão, às vezes a felicidade chega até nós por caminhos estranhos...
- O que você quer dizer? - espantou-se.
- Quero dizer que encontrei meu verdadeiro eu no bordel de Madame Mary. E devo isso a você.
Jeitosinha sorveu um gole generoso de uísque e ofereceu o copo ao irmão.
- Beba comigo. Vamos selar com esta dose de uísque a paz entre nós.
"Arlindo pegou o copo com desconfiança. Mas a irmã acabara de provar da bebida, descartando a possibilidade de que ela estivesse envenenada. Nervoso, ele bebeu todo o líquido do copo, devolvendo-o à loira.
Jeitosinha pegou uma pedra de gelo e passou provocativamente no pescoço e nos seios. Depois, debruçou-se sobre Arlindo, alisou sua coxa direita e, tocando os lábios em seu ouvido esquerdo murmurou:
- Amanhã, irmão querido, todos nós começaremos uma vida nova...
A loira disse esta frase enigmática e se retirou. O cruel Arlindo chegou a pensar que sua irmã estava tão desequilibrada quanto o pai. Mas logo voltou a entreter-se com um filme barato de TV, antes de mergulhar em um sono profundo.
No hospital público, Adenaíra abria os olhos:
- B-bruno... Pensei que tinha sido um sonho.
- Estou aqui. Estou te esperando... - A frase brotou sem nenhuma convicção.
- M-me esperando? - Perguntou a nova irmã de Jeitosinha.
- Sim. Você precisa lutar. Precisa superar esta doença. Vou estar ao seu lado.
- Oh, Bruno! Você vai me dar uma chance?
- O tempo dirá. Por enquanto, prometo-lhe apenas minha atenção e minha amizade.
- Você não sabe como este simples fio de esperança me deixa feliz! - Disse a moça, já com uma certa luz no rosto pálido pela febre.
Na manhã seguinte, Arlindo acordou no mesmo sofá onde bebera com Jeitosinha. Mas estava cercado por policiais e algemado. No comando da operação, a detetive Vanessa dirigiu-se a ele, mostrando no semblante a realização pelo dever cumprido.
- Você está preso.
- M-mas... Eu não fiz nada! - Espantou-se o rapaz - Qual a acusação?
- Assassinato!
- Não! - O grito de Arlindo ecoou pela sala. . .

Quem morreu? ! Não perca o próximo capítulo!"
Quem morreu? Capítulo XXVI

- Eu não matei papai!
Arlindo gritava com a convicção dos inocentes, mas a detetive Vanessa estava impassível.
- Você vai explicar isso ao tribunal. Temos evidências mais do que suficientes para prendê-lo.
- Quais? Quais são as evidências? - perguntou, inconformado.
- Seu pai amanheceu morto, e tudo indica que foi envenenado. Sua mãe percebeu logo no começo da manhã e nos chamou. Enquanto você dormia, procuramos pistas pela casa e encontramos no fundo de sua gaveta de cuecas o frasco de um veneno muito eficaz...
- Não pode ser! - interrompeu o encrencado Arlindo - Alguém colocou isso lá para me incriminar!
Vanessa sorriu, com sua frieza habitual.
- Não adianta, Arlindo... É melhor confessar. Você não contava com isso, mas seu pai, prevendo o seu trágico destino, escreveu uma carta...
A moça fez um sinal com os dedos e um dos assistentes entregou-lhe o pedaço de papel. Vanessa prosseguiu.
- Estava no bolso do pijama de Ambrósio. Veja o que diz: "Se alguém encontrou esta carta, provavelmente já estarei morto. O fato é que recobrei minha memória. Arlindo, meu filho mais velho, foi o responsável pela primeira tentativa de assassinato. Ainda não sei o que farei, mas como ele pode tentar de novo, deixo registrada esta denúncia. Arlindo nunca me perdoou por uma grande surra que lhe dei em sua adolescência, e nunca me perdoou por gostar mais de Jeitosinha. Percebendo que eu finalmente começava a me lembrar de tudo, passou a me ameaçar. Tenho medo de procurar a Polícia. Aliás, como tornei-me um monstro, não faz tanta diferença estar vivo ou morto. Tudo o que desejo é que, caso dê cabo de minha vida, o cruel Arlindo seja punido"... Ambrósio assina a carta. É claro que ainda faremos um exame grafotécnico...
- Não pode ser! Este bilhete é forjado! Você verá! - disse o primogênito de Ambrósio e Marilena.
- Há ainda uma terceira pista. - completou Vanessa - Existe este copo, encontrado ao lado da cama do seu pai, com resíduos do mesmo veneno encontrado em seu quarto, dissolvido em suco de groselha. Nele, há digitais de duas pessoas diferentes.
"Sim!", pensou Arlindo. "Agora eu entendo! Foi Jeitosinha! Ela me serviu uísque, ontem, neste mesmo copo. Como ela usava luvas, só as marcas de meus dedos estão no vidro!".
Em pânico, e tremendo de ódio, Arlindo apontou para a irmã:
- Foi ela! Ela é uma farsa! Um travesti maníaco e assassino! A senhora ouviu, detetive, o próprio papai dizendo isso!
- Seu pai estava muito abalado. Este tipo de confusão é comum... Mesmo sem querer, Jeitosinha era o pivô dos desentendimentos. Talvez por isso ele a tenha visto em seu delírio. Agora... Que história é essa de travesti?
"- Vanessa dirigiu a pergunta a Marilena.
- Arlindo está tentando confundi-la, detetive. - A mãe não perdeu a chance de socorrer a filha naquele momento dramático.
- Quer comprovar? - Disse Jeitosinha, contando com a negativa de Vanessa.
- Não é preciso, querida. Sei bem como são os homens. Estão sempre tentando encontrar algum defeito nas mulheres bonitas...
Vanessa dirigiu-se aos assistentes e ordenou:
- Levem-no. Vamos esperar o exame da letra no bilhete e das marcas no copo. Você vai aguardar na cadeia o resultado, Arlindo. E caso se comprovem as evidências, não sairá de lá tão cedo...
Debatendo-se e gritando, o cruel Arlindo foi recolhido ao camburão. Os policiais deixaram a casa e Marilena finalmente demonstrou sua dor num choro convulsivo. Na verdade sentia-se aliviada pelo fim de Ambrósio, mas não se conformava com o fato de que um de seus filhos tivesse assassinado o homem.
- Jeitosinha... Porque Arlindo tentou incriminá-la?
- Você sabe que ele me odeia, mamãe...
Jeitosinha estava calma e segura. Beijou suavemente o rosto de Marilena e foi para o quarto, já pensando no próximo ato de seu circo de horrores.



Não perca os últimos capítulos da novela mais trash da web!  


Obs: Tá quase acabando.. semana que vem sai o ÚLTIMO CAPÍTULO!!  ahahhah

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Jeitosinha - Capítulo 20, 21, 22 e 23

Oooo novelinha longa ne.. 
Pensei que tinha deixado no post automático mas, pelo visto, não estava no automático..
Daí pra compensar... dá-lhe posts!

até

Capítulo XX - Bilhete de Adenair

O sol despencou no horizonte tingindo o céu de vermelho. A silhueta perfeita de Jeitosinha, seus longos cabelos loiros, seios voluptuosos, coxas grossas e bumbum empinado, recortados pelo céu do entardecer, eram uma visão idílica. A moça coçou o saco e cuspiu no chão.
- Pôrra, mais essa agora. Achei muito bom ser homem... - resmungou, no jardim florido da casa de Madame Mary, ainda sentindo na boca o gosto de sexo.
Da janela, a ruiva que havia sido possuída por Jeitosinha, cujo nome de guerra era Laura Croft, suspirava diante da visão do mais radiante e sensual ser humano que já havia conhecido. E olha que ela já tinha transado com uns três maracanãs lotados.
Em seu apartamento, do outro lado da cidade, o angustiado Bruno olhava fixamente o revólver que empunhava. Acabar com a própria vida parecia ser a solução mais plausível para conseguir um pouco de conforto.
Na casa de Jeitosinha, Um fio de lágrima escorria pelo rosto de Marilena enquanto ela lia o bilhete deixado por seu filho Adenair :
"Querida mamãe, sem a presença opressora de papai, não vejo mais razão para negar minha própria natureza. A verdade é que, embora na teoria tenha dado à luz sete varões, na prática a senhora tem duas filhas. Me sinto tão mulher quanto Jeitosinha. Não tive, como ela, o privilégio de desfrutar da condição feminina, mesmo que por alguns anos de ilusão. Mas estou disposta a recuperar o tempo perdido. Amanhã terei extirpado de mim, definitivamente, a minha masculinidade. Quero ser uma mulher total. Então vou poder conquistar o coração de Bruno, me casar com ele até ter dois filhos: Claudney Felipe e Luana Piovani Aparecida. Beijos. Adenaíra"
""Querida mamãe, sem a presença opressora de papai, não vejo mais razão para negar minha própria natureza. A verdade é que, embora na teoria tenha dado à luz sete varões, na prática a senhora tem duas filhas. Me sinto tão mulher quanto Jeitosinha. Não tive, como ela, o privilégio de desfrutar da condição feminina, mesmo que por alguns anos de ilusão. Mas estou disposta a recuperar o tempo perdido. Amanhã terei extirpado de mim, definitivamente, a minha masculinidade. Quero ser uma mulher total. Então vou poder conquistar o coração de Bruno, me casar com ele até ter dois filhos: Claudney Felipe e Luana Piovani Aparecida. Beijos. Adenaíra""
As pernas da sofrida mulher não conseguiram sustentar o peso do corpo. Sentada no sofá, amassando a pequena nota entre os dedos, Marilena pensava em como sua vida havia se transformado em questão de dias.
- Meu Deus... O que poderia ser pior ? - Perguntava-se, em voz alta.
Neste momento um homem sujo e deformado, metido em roupas fétidas, mancando e babando, abre abruptamente a porta.
- Querida, cheguei !

Ambrósio está de volta !

Não perca, capítulo inédito da obra mais trash da Internet !


Capítulo XXI - A volta de Ambrósio

Marilena acordou em sua cama, e sua primeira visão foi Aníbal, um dos filhos menos importantes, daqueles que só fazem figuração na trama.
- Anibal... Que sonho horrível... Pensei que seu pai...
- Não foi um sonho, mamãe. Ele voltou ! A mulher gritou em total desespero :
- Não pode ser ! Não pode ser !
O filho estranhou a reação. Alheio aos problemas que infernizavam a vida de Marilena, Adenair e Jeitosinha, sem saber que Ambrósio era a causa de muito sofrimento, esperava da mãe uma manifestação de alegria.
- Mãe... Você não entende ? O papai voltou! Meio caidaço, é verdade, mas está vivo ! Você deveria estar feliz ! A mulher esboçou um sorriso forçado :
- Sim, meu amor. Claro. Foi só o susto. Claro que estou feliz.
Neste instante, já de banhozinho tomado e vestindo um velho e confortável pijama, Ambrósio entra no quarto.
- Marilena...
- É você mesmo, Ambrósio ? - perguntou a mulher.
- Estou tão deformado assim ? Claro que sou eu !
Ambrósio não tinha na voz a rispidez habitual. Parecia fragilizado. Sua fala era pastosa. Um canto da boca não se mexia e um fio permanente de baba escorria rumo ao pescoço.
- O que aconteceu com você ?
- Não me lembro. Não consigo me lembrar de muita coisa. Vaguei pelas redondezas e aos poucos as memórias foram voltando... Nossa casa, você, nossos filhos...
- E sobre o acidente que o mutilou ?
- Nada. Não me lembro de nada. Só vejo uma cena estranha... Assustadora e irreal. Não quero falar sobre isso.
Os olhos do homem transmitiam o pavor que lhe causava a simples menção da cena. E a imagem que vinha à sua cabeça era a do travesti, loiro e nu, empunhando uma serra elétrica.
No hospital público, Adenair acordava da anestesia.
- Como foi a cirurgia, doutor ? - perguntou ao homem de branco parado ao seu lado.
- Foi bem. Não consegui fazer um acabamento muito bom. Sabe como é, cirurgia plástica é uma coisa complicada... Mas eu mesmo já vi muita vagina mais feia por aí! He...He...- o médico amigo de Dona Nair insistia em seu humor infame.
- Meu pênis, doutor... O que vocês fizeram com ele ? Mesmo detestando o que ele considerava um corpo estranho, Adenair sabia que era um pedaço seu que havia sido estirpado. E lhe assustava a idéia de que ele pudesse ter ido parar numa cesta de lixo hospitalar...
- Fizemos um transplante. Ele agora pertence a um marombeiro adepto do sexo bizarro, que perdeu o dele quando recebia carinhos orais de um pitt-bull...
- Melhor assim ! - Animou-se Adenair - quando recebo alta ?
- Amanhã, se tudo correr bem. "Vai dar tudo certo", pensou o - ou melhor - a jovem. Vou virar uma linda mulher, como Jeitosinha, e conquistar o coração de Bruno !
No seu apartamento, Bruno ainda olhava fixamente a arma. Sentia-se ultrajado, perdido, confuso e traído. Mas não conseguia evitar que a imagem de sua loira amada lhe viesse à cabeça. "Onde ela estará agora ?", perguntava-se.
Mal sabia ele que Jeitosinha, naquele momento, abria a porta de entrada de sua casa para estar frente a frente com o pai que matara !

Qual será a reação de Ambrósio ?

Empolgante ! Sensual ! Nojenta ! A sua novela continua, em mais um capítulo inédito...

Capítulo XXII - A reação de Abrosio

Por trinta segundos, que pareceram uma eternidade, Jeitosinha e Ambrósio se encararam fixamente. Ela vinha aprendendo no bordel de Madame Mary tudo sobre a arte da dissimulação, e conseguiu camuflar o medo, a surpresa e a confusão mental que lhe causava a imagem, ali na sua frente, do homem que assassinara.

A expressão de Ambrósio era inocente, quase infantil. O fio de barba intermitente continuava a banhar-lhe o queixo. Com sua voz pastosa, após o constrangedor silêncio, ele perguntou:

- Quem é você?

Jeitosinha suspirou aliviada. Continuava sem entender o que havia acontecido. As marcas de cortes no rosto e braços de Ambrósio indicavam que ela realmente o havia ferido, mas talvez não tivesse consumado o crime, pensou. Talvez tenha sofrido alguma espécie de alucinação durante o ataque com a serra-elétrica. Talvez Ambrósio tenha conseguido sair da casa, se arrastando. Mesmo assim, quem limpara o chão e os móveis?

Nada disso era tão importante quanto o fato de que o pai, talvez pelo choque de ter sido vitimado pela própria filha, não conseguia reconhecê-la. "Deve ser algum tipo de defesa emocional", concluiu.

Muito mais desconfortável com a situação estava Arlindo. Seu plano de explorar a irmã se esvaziara, em parte, com a reação do pai ao vê-la. Se Ambrósio não reconhecia Jeitosinha, e havia perdido sua índole opressora, o que a irmã teria a temer?

De fato, a moça não tinha mais nada a perder. Depois da decepção com seu amado Bruno, e todas as emoções que tomaram sua vida de assalto, o futuro se configurava diferente. Ela trocou olhares com Arlindo. Sorriu, superiora, e ele entendeu o recado. Jeitosinha estava livre de sua influência maligna mas, curiosamente, não pensava em abandonar o bordel de Madame Mary.

A misteriosa mulher - que ela mal vira e que não poderia reconhecer sob a máscara - de alguma maneira fez com que recuperasse sua auto-estima. Na casa de encontros a aceitavam como ela era. E agora havia ainda Laura Croft, a linda ruiva que havia despertado estranhas emoções em Jeitosinha. Ela vinha, aliás, fazendo um esforço sobrehumano para esquecer Bruno, e tentava se apegar à emoção daquela tarde de prazer como se residisse ali a sua salvação.
Se Jeitosinha agora via o bordel como uma benção, isso não significava que ela perdoava Arlindo. Ao contrário, havia planejado para o irmão uma terrível vingança...
"Quanto aos pais, o próprio destino havia se encarregado da punição. Ambrósio era agora um ser desprezível, débil e deformado. E sua mãe, que presa a suas convenções sociais jamais encararia a separação, estava condenada a aturar aquele ser repugnante pelo resto de suas vidas.
Jeitosinha estava imersa neste tipo de reflexão quando alguém bateu à porta. Arlindo foi atender e deparou-se com uma morena exuberante, de mais ou menos trinta anos. Ela tinha cabelos negros e lisos, à altura dos ombros. Os olhos de um azul cristalino contrastavam com a pele clara. Mostrando um distintivo ela se apresentou:
- Sou a detetive Vanessa, da Polícia Civil. Vim investigar o desaparecimento de Ambrósio.
Todos na casa, inclusive o próprio Ambrósio, trocaram olhares surpresos.
Do outro lado da cidade, o angustiado Bruno toma sua decisão. Virando a arma em direção à própria cabeça, ele finalmente aperta o gatilho.

Ele morreu? Ele morreu? em mais um capítulo inédito!"

Ele morreu? Capítulo XXIII

A detetive Vanessa sentou-se no sofá que outrora estivera coberto pelo sangue de Ambrósio. Acendeu um cigarro e cruzou lentamente as pernas, numa cena que lembrava Sharon Stone em "Instinto Selvagem".
- Creio que você chegou tarde... - apressou-se em explicar Marilena - Meu marido já voltou.
- Ele é o Ambrósio? - Espantou-se Vanessa, sem conseguir esconder sua expressão de asco - E o que ou quem fez isso a ele?
- Ainda não sabemos - disse Arlindo.
- Com certeza foi algum acidente... - emendou Jeitosinha, um pouco nervosa.
A experiente Vanessa percebeu o ambiente pesado do lar. "Aqui, com certeza, se escondem grandes segredos", pensou. Fascinada por seu ofício, naquele momento a bela detetive soube que não teria sossego enquanto não desvendasse cada detalhe do que já chamava de "Caso Ambrósio".
- Conte-me, meu bom homem. Quem lhe feriu?
Ambrósio tremeu à simples lembrança de fragmentos da cena, que ele sequer conseguia verbalizar.
- N-não me lembro. Não quero saber. Eu estou bem.
A mulher tocou Ambrósio carinhosamente.
- Procure se lembrar... Estas marcas... Foi, sem dúvida, uma arma cortante. Talvez uma lâmina grossa... Uma serra...
- Não! - Ambrósio enconlheu-se, em pânico, protegendo a cabeça com as mãos...
Jeitosinha sentiu um arrepio na espinha. E se o pai recobrasse a memória?
A detetive Vanessa continuou seu trabalho. - Procure se lembrar... Uma pessoa, uma imagem...
Ambrósio subitamente silenciou-se. Com os olhos fixos na linda policial exclamou baixinho:
- Sim... Eu me lembro de algo. Sim!
- O que? O que? - A excitação de Vanessa era quase sexual.
- Foi ela! Foi ela! - gritou, apontando para Jeitosinha.
-É mentira! - Gritou Jeitosinha.
"-Cale-se! Deixe o homem concluir seu relato! - disse a detetive. E voltando-se para Ambrósio:
- Diga, senhor... Ela fez isso com você. E depois?
- Depois homens verdes, numa nave espacial me trouxeram de volta à vida!
A policial sorriu, constrangida, e abraçou o fragilizado Ambrósio.
- Homens verdes? É uma alucinação, sem dúvida... Por hoje é só. Mas me aguardem. Vou continuar as investigações.
Jeitosinha sentiu-se mais leve. Marilena e Arlindo olharam para o pai e para a loira, com expressões indecifráveis.
Longe dali, a primeira coisa que Bruno viu foi uma luz branca e intensa. O rosto de Jeitosinha sorria para ele, emoldurada por centenas de pênis de todos os tamanhos e formas. - Estou na paraíso! - sussurrou.
Mas o delírio foi interrompido pela penetração contundente de uma agulha de injeção. De olhos abertos, o confuso rapaz viu um homem de roupa alva, parado ao lado da cama de hospital onde estava deitado.
- Você nasceu de novo, filho. A bala acertou de raspão a sua fronte.
- O-onde estou?
- No ambulatório de um hospital público.
Bruno percorreu o lugar com os olhos e não acreditou no que viu. Com uma touca cobrindo os cabelos, adormecida na cama ao lado, encontrava-se ninguém menos que sua amada.
- Jeitosinha! - Exclamou.
- Só se for nome de guerra... - corrigiu o médico - Ele chegou aqui como Adenair e agora é Adenaíra...
- Adenaíra? - espantou-se.
- Sim... Ele submeteu-se ontem a uma cirurgia para mudança de sexo. Mas talvez nunca aproveite sua nova anatomia...
- Porque doutor? Porque doutor? O homem tomou um longo fôlego antes de explicar a Bruno o drama do ex-irmão, agora irmã, de Jeitosinha.


Gente, já pensou isso no cinema, com a Cameron Diaz de Jeitosinha?
Mais emoções e podridão domingo, em um capítulo inédito!" 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Jeitosinha XIX

Capítulo XIX - São ou não são...??

- Bruno, eu sempre te amei...
A declaração de Adenair, um desabafo cuspido pelo seu coração angustiado, deixou o sofrido namorado de Jeitosinha perplexo.

- Não, Adenair... Não é possível! Você é...
Como completar a frase ? O que era Adenair ? O que era Jeitosinha ? Quem era ele ? Quantas certezas jogadas fora! Quanta boiolice repentina, transformando sua vida num filme de Almodóvar !

- Durante muito tempo sofri em silêncio. Achei que nunca teria coragem de me expor. Mas desde que soube da condição de Jeitosinha, e percebendo que você ainda gosta dela, vi que por mais difícil que seja, meu sonho não é impossível. Me dê uma chance ! Você vai me amar também !

- Você não entende, Adenair ? Jeitosinha é diferente ! É uma mulher quase completa !
- Não tente se enganar, Bruno... - respondeu - Será que no fundo do seu coração você não tinha a percepção de quem ela realmente era? Você pode afirmar com certeza que é heterossexual ?

Ainda traumatizado pela experiência recente, Bruno percebeu que talvez Adenair tivesse razão. Mas ele não se sentia apto a penetrar o lodo de suas emoções. Reagiu rejeitando, com convicção a hipótese de que fosse gay.

- Sim, Adenair. Sou heterossexual. Aliás estou farto de tanta farsa e dissimulação. Quero encontrar uma mulher de verdade, que não me surpreenda com nenhum protuberância antinatural !
Bruno deixou para trás um Adenair magoado e arrependido. Sabia que desejava muito aquele homem, sentia-se mal por tê-lo provocado com palavras e estava disposto a qualquer sacrifício para tê-lo ao seu lado.

- Você quer uma mulher de verdade, Bruno ? - murmurou para si mesmo, já que o homem se afastara em passos rápidos - Pois eu serei uma. A mais bela, completa e exuberante que você já viu !
Adenair dormiu pouco aquela noite. Na manhã seguinte, procurou a velha dona Nair, parteira e amiga da família. Sem constrangimento, o rapaz contou à mulher o seu drama e lhe fez um pedido inusitado :

- Preciso mudar de sexo. Preciso me tornar uma mulher. Mas não tenho dinheiro, dona Nair ! Por favor, me ajude !

A velha coçou sua cabeça grisalha.

- Sei lá, menino... Nem cesariana eu consigo fazer, quanto mais extrair uma bingola.
Adenair cobriu o rosto e chorou convulsivamente.

- Mas eu conheço um médico que atende pelo SUS...

Os olhos do rapaz subitamente brilharam de esperança :
- Me leve até ele ! Me leve até ele !






Troca de sexo pelo SUS ? Bom, não me xingue : foi sugestão de um leitor...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Jeitosinha - XVIII

Tá quase acabando!! ooo troço longo!! ahuahuah

Capítulo XVIII - Será que Bruno e Adenair são...?

Ambrósio não conseguia se lembrar exatamente quem ele era. Imagens confusas de um travesti loiro com uma moto-serra lhe vinham à mente, enquanto ele reconhecia alguns trechos do caminho. Acabou chegando até a porta de sua casa, mas não teve coragem de entrar, especialmente porque não tinha a menor idéia de que lugar era aquele.

Viu que dois homens jovens conversavam, sentados num banco da varanda. O dia estava quase nascendo. Do outro lado da rua, Ambrósio reconheceu algo de familiar naqueles rostos.
Mas quem seriam ? Aliás, quem seria ele mesmo ? O homem subitamente percebeu que sequer podia lembrar-se de sua própria face. Procurou algum vidro ou espelho onde pudesse se ver refletido. Numa grande e quieta poça de água, viu sua cara monstruosa.

Com um grito aterrador correu rumo a um matagal próximo. Estava confuso e com medo.
Bruno e Adenair ouviram o grito, mas não deram muita importância.

- Você pode se abrir comigo, Bruno. Sei tudo a respeito de Jeitosinha.
- Tudo ? - surpreendeu-se.
- Sim... Ela é uma vítima, tanto quanto você...

Pelo comentário, Bruno percebeu que talvez Adenair não soubesse que a irmã era uma prostituta. "Se ela conseguiu me enganar, porque não enganaria o irmão?", perguntou-se. Tombando diante da pressão, Bruno chorou convulsivamente.

Adenair puxou-o em direção ao peito, abraçando-o e acariciando seus cabelos. Bruno pôde perceber que o toque e o suave perfume do rapaz lembravam muito os de sua irmã. Sentiu-se confortável por alguns minutos.

"Enxugando as lágrimas, Bruno viu bem de perto os olhos de Adenair, tão parecidos com os de Jeitosinha. Só então deu-se conta de que algo estranho acontecia ali: o apoio que estava recebendo, mais físico e mudo do que um simples diálogo, não é comum entre os homens.

- Adenair, porque você me abraçou deste jeito ? - perguntou, temendo a resposta.

Num matagal a poucos metros, Ambrósio começava a se dar conta de quem era. Talvez por um bloqueio, causado pela morte violenta ou pelo processo utilizado para trazê-lo de volta à vida, não associava o travesti loiro à sua amada Jeitosinha.

Mas já sabia que ele era o chefe daquela casa que reconhecera, e que estava deformado por alguma terrível razão, a mesma pela qual sentia-se impelido a manter-se escondido.
Na varanda da casa, Adenair começava sua revelação. Cada palavra pronunciava doía como um parto.

- Bem, Bruno... Também tenho um segredo...




Será que Bruno e Adenair... hmmm... Será ? E Ambrósio ? Vai querer vingança ?
As perguntas são as mesmas, provando que não é só a novela das oito que enrola a gente...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jeitosinha - XVII

Capítulo XVII - Bye bye Ets

Condenados a sair da história pelos leitores deste folhetim, que entupiram nossa caixa de e-mails com pedidos neste sentido, os Ets finalmente se preparam para voltar ao seu planeta ameaçado.

- O que você andou fazendo a tarde inteira ? - Perguntou um dos membros da equipe ao chefe da expedição, um cientista brilhante em seu mundo.
- Nada demais... Encontrei os restos de um humano esquartejado e, só para me distrair, o trouxe de volta à vida... - disse, apontando uma figura no canto do laboratório.
Toda a tecnologia dos homenzinhos verdes não foi suficiente para impedir que, visualmente, o resultado final ficasse sofrível. Mas era possível reconhecer, naquele homem repleto de cicatrizes, as feições de Ambrósio.
- Ele recuperou a memória e a razão ?
- Está um pouco confuso ainda... - disse o cientista.
- Talvez nunca volte a ser o que era antes, mas foi divertido brincar de de Deus e inverter a ordem natural das coisas, antes de deixar definitivamente este mundinho atrasado. Sabe-se lá o que este monstro fará nesta sua volta à vida...

A nave deixa o homem à beira da estrada deserta e levanta vôo rumo ao infinito.
Não muito longe dali um cabisbaixo Bruno faz seu caminho de volta para casa, ainda entorpecido pela descoberta de que sua doce Jeitosinha era uma garota de programa.

Como se não bastasse, sentia a confusão mental causada pela percepção de que sua experiência com o travesti no Bordel foi totalmente inconclusiva. Até o momento em que Jeitosinha interrompeu o ato sexual, ainda não havia encontrado prazer. Mas era difícil saber como a coisa iria terminar.
Bruno não tinha pressa para chegar a lugar nenhum. Precisava pensar e, talvez involuntariamente, acabou passando em frente à casa de Jeitosinha.

Sentiu um nó no coração ao ver a janela do quarto da moça. Saudades de um passado perfeito e uma profunda revolta por sentir que um futuro feliz havia sido abortado.

- Bruno ?
Por um momento pensou ser Jeitosinha, mas a voz que vinha da varanda escura da casa era mais grave.
- Adenair ?
- Sim... - disse o suave irmão da loira, aproximando-se. 

- Você não parece bem... Quer conversar ?

Bruno encarou Adenair.
Ele nunca havia percebido o quanto o rapaz se parecia com Jeitosinha !

- Não creio que você possa me ajudar...
- Talvez eu possa... - respondeu o moço, com a voz tremula de emoção e desejo.





Será que Bruno e Adenair... hmmm... Será ? E Ambrósio ? Vai querer vingança ?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A saga de Jeitosinha XVI

Capítulo XVI - Surpresa

Bruno havia bebido a tarde inteira, buscando no álcool a coragem necessária para por a prova sua masculinidade. Por isso mesmo, a imagem de Jeitosinha, naquele bordel de luxo, observando-o em pleno ato de amor com um travesti, pareceu uma alucinação ou um sonho.

- Amor... Não é nada disso que você está pensando! - disse o rapaz, sem muita inspiração.
Depois, recuperando a sobriedade, foi tomado por um tipo diferente de perplexidade.
- Mas... Espera aí... O que você está fazendo aqui? - perguntou Bruno à sua amada, enquanto a prostituta, prevendo o barraco, saia de fininho.

Cheia de revolta, Jeitosinha disse a primeira coisa que lhe ocorreu para ferir Bruno :
- O que lhe parece ? Pelo visto você prefere as morenas... Mas nós, loiras, somos muito boas na arte de enlouquecer os homens...
- Não pode ser, meu amor... Diga que é um sonho... Me belisca para eu sentir dor e acordar !
- Depois do que eu vi pela fresta da porta, tem certeza de que não tem nada doendo aí ? - Alfinetou jeitosinha, cheia de ironia.
- Não ! Você não ! Não pode ser ! Não pode ser ! Bruno puxava os próprios cabelos com violência e rolava pelo chão num desespero patético. Jeitosinha apenas jogou os cabelos longos para o lado, com aquele gesto superior com que as loiras costumam descartar os simples mortais, e retirou-se do ambiente.

Seu coração por dentro estava em frangalhos, mas o que Bruno viu foi a imagem de uma mulher fria.
Com passos precisos e a elegância de uma modelo, Jeitosinha atravessou o corredor e voltou ao escritório de Madame Mary. Lá dentro, tombou de joelhos e começou a chorar.

- Não pode ser, Madame Mary... Meu amado, Bruno... Um homem tão puro e íntegro... Aqui! Com aquela... aquela... - a certeza de que não era tão diferente da exótica morena impedia Jeitosinha de achar a palavra certa.
- Os homens são todos iguais, minha criança - disse Mary, acariciando a loira. Uns animais capazes de qualquer coisa por um momento de luxúria. Eles nunca saberão o que é o amor verdadeiro. É justamente isso que torna tão fascinante a nossa arte de sedução...
Jeitosinha levantou os olhos e, agarrando-se às pernas da misteriosa mulher, implorou :
- Ajude-me, Madame! Ajude-me a ser como você !
- Claro, querida... Claro....

Madame Mary sabia que tinha nas mãos um diamante em estado bruto. Um diamante pronto para ser lapidado na dor de um coração partido.
A maioria dos leitores que nos escreveram sobre o Folhetim acham que os ETs não têm nada a ver com a história. Eles ainda vão terminar o que começaram, depois vão embora para sempre...




Não perca mais um emocionante capítulo da novela mais absurda Internet brasileira !


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Jeitosinha cap. XV

O júbilo de Jeitosinha durou pouco. Se num primeiro momento a idéia de ter salvo a humanidade era alentadora, horas depois o que a fantástica experiência lhe causava era mais revolta e dor.
De que adiantava ter salvo o mundo, se não obteria pelo seu ato qualquer tipo de reconhecimento? Para o restante da humanidade, ela continuava sendo aquele ser anacrônico, discriminado por fugir dos padrões.


Só uma pessoa na cidade estava se sentindo mais angustiado: Thiago.

Num bairro distante, trancado em seu apartamento, o pobre rapaz refletia sobre a grande – bota grande nisso – emoção que sentiu em sua primeira noite de amor com Jeitosinha.


“Será que eu gostei porque era a minha amada?”, perguntava-se. “Ou será que tamanho prazer adveio do fato de que tratava-se de um homem? Sou hetero ou gay?”.
- Quem é você? – Gritou Thiago angustiado, olhando sua imagem no espelho.

Sentia-se sujo. Seus desejos o incomodavam, como se ele tivesse experimentado a fruta do pecado.
Mas sabia que Jeitosinha era uma vítima, como ele. Ele podia entender que a namorada era um modelo de virtude e pureza, e que seu gesto, ao seduzi-lo, era apenas uma grande manifestação de amor!


Por um momento, olhou para o problema sob outra perspectiva, muito menos dramática: “Sim, Jeitosinha é pura. ?? a minha Jeitosinha. Em nome desta pureza vale a pena continuar com ela!”, concluiu.

Se ela fosse um travesti vulgar… mas não! Ela foi criada como uma mulher, sob rígidos padrões morais! Quem sabe eles ainda pudessem ter uma vida juntos, mantendo a condição de Jeitosinha em segredo?

Num fragmento de sonho, Thiago se viu casado com ela, vivendo grandes noites de amor e criando duas crianças adotadas – Cléverson Luís e Suelen Aparecida – como se fossem seus filhos biológicos. Pensou em procurar a sua doce amada naquele mesmo momento e propor a realização do casamento, tão desejado em tempos menos complicados.

Mas antes precisava enfrentar seu próprio demônio interior. Precisava saber se o que sentiu naquela noite mágica foi amor ou pura volúpia. Precisava, enfim, fazer amor com outro travesti e colocar-se à prova!

Thiago resolveu que aquela noite iria a um bordel atrás de respostas. Iria buscar reviver, com uma vulgar criatura da noite, emoções tão… hã… grandes quanto as que viveu com sua inocente Jeitosinha.



Mal poderia imaginar a grande surpresa que o esperava…