segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Jeitosinha - Capítulo 20, 21, 22 e 23

Oooo novelinha longa ne.. 
Pensei que tinha deixado no post automático mas, pelo visto, não estava no automático..
Daí pra compensar... dá-lhe posts!

até

Capítulo XX - Bilhete de Adenair

O sol despencou no horizonte tingindo o céu de vermelho. A silhueta perfeita de Jeitosinha, seus longos cabelos loiros, seios voluptuosos, coxas grossas e bumbum empinado, recortados pelo céu do entardecer, eram uma visão idílica. A moça coçou o saco e cuspiu no chão.
- Pôrra, mais essa agora. Achei muito bom ser homem... - resmungou, no jardim florido da casa de Madame Mary, ainda sentindo na boca o gosto de sexo.
Da janela, a ruiva que havia sido possuída por Jeitosinha, cujo nome de guerra era Laura Croft, suspirava diante da visão do mais radiante e sensual ser humano que já havia conhecido. E olha que ela já tinha transado com uns três maracanãs lotados.
Em seu apartamento, do outro lado da cidade, o angustiado Bruno olhava fixamente o revólver que empunhava. Acabar com a própria vida parecia ser a solução mais plausível para conseguir um pouco de conforto.
Na casa de Jeitosinha, Um fio de lágrima escorria pelo rosto de Marilena enquanto ela lia o bilhete deixado por seu filho Adenair :
"Querida mamãe, sem a presença opressora de papai, não vejo mais razão para negar minha própria natureza. A verdade é que, embora na teoria tenha dado à luz sete varões, na prática a senhora tem duas filhas. Me sinto tão mulher quanto Jeitosinha. Não tive, como ela, o privilégio de desfrutar da condição feminina, mesmo que por alguns anos de ilusão. Mas estou disposta a recuperar o tempo perdido. Amanhã terei extirpado de mim, definitivamente, a minha masculinidade. Quero ser uma mulher total. Então vou poder conquistar o coração de Bruno, me casar com ele até ter dois filhos: Claudney Felipe e Luana Piovani Aparecida. Beijos. Adenaíra"
""Querida mamãe, sem a presença opressora de papai, não vejo mais razão para negar minha própria natureza. A verdade é que, embora na teoria tenha dado à luz sete varões, na prática a senhora tem duas filhas. Me sinto tão mulher quanto Jeitosinha. Não tive, como ela, o privilégio de desfrutar da condição feminina, mesmo que por alguns anos de ilusão. Mas estou disposta a recuperar o tempo perdido. Amanhã terei extirpado de mim, definitivamente, a minha masculinidade. Quero ser uma mulher total. Então vou poder conquistar o coração de Bruno, me casar com ele até ter dois filhos: Claudney Felipe e Luana Piovani Aparecida. Beijos. Adenaíra""
As pernas da sofrida mulher não conseguiram sustentar o peso do corpo. Sentada no sofá, amassando a pequena nota entre os dedos, Marilena pensava em como sua vida havia se transformado em questão de dias.
- Meu Deus... O que poderia ser pior ? - Perguntava-se, em voz alta.
Neste momento um homem sujo e deformado, metido em roupas fétidas, mancando e babando, abre abruptamente a porta.
- Querida, cheguei !

Ambrósio está de volta !

Não perca, capítulo inédito da obra mais trash da Internet !


Capítulo XXI - A volta de Ambrósio

Marilena acordou em sua cama, e sua primeira visão foi Aníbal, um dos filhos menos importantes, daqueles que só fazem figuração na trama.
- Anibal... Que sonho horrível... Pensei que seu pai...
- Não foi um sonho, mamãe. Ele voltou ! A mulher gritou em total desespero :
- Não pode ser ! Não pode ser !
O filho estranhou a reação. Alheio aos problemas que infernizavam a vida de Marilena, Adenair e Jeitosinha, sem saber que Ambrósio era a causa de muito sofrimento, esperava da mãe uma manifestação de alegria.
- Mãe... Você não entende ? O papai voltou! Meio caidaço, é verdade, mas está vivo ! Você deveria estar feliz ! A mulher esboçou um sorriso forçado :
- Sim, meu amor. Claro. Foi só o susto. Claro que estou feliz.
Neste instante, já de banhozinho tomado e vestindo um velho e confortável pijama, Ambrósio entra no quarto.
- Marilena...
- É você mesmo, Ambrósio ? - perguntou a mulher.
- Estou tão deformado assim ? Claro que sou eu !
Ambrósio não tinha na voz a rispidez habitual. Parecia fragilizado. Sua fala era pastosa. Um canto da boca não se mexia e um fio permanente de baba escorria rumo ao pescoço.
- O que aconteceu com você ?
- Não me lembro. Não consigo me lembrar de muita coisa. Vaguei pelas redondezas e aos poucos as memórias foram voltando... Nossa casa, você, nossos filhos...
- E sobre o acidente que o mutilou ?
- Nada. Não me lembro de nada. Só vejo uma cena estranha... Assustadora e irreal. Não quero falar sobre isso.
Os olhos do homem transmitiam o pavor que lhe causava a simples menção da cena. E a imagem que vinha à sua cabeça era a do travesti, loiro e nu, empunhando uma serra elétrica.
No hospital público, Adenair acordava da anestesia.
- Como foi a cirurgia, doutor ? - perguntou ao homem de branco parado ao seu lado.
- Foi bem. Não consegui fazer um acabamento muito bom. Sabe como é, cirurgia plástica é uma coisa complicada... Mas eu mesmo já vi muita vagina mais feia por aí! He...He...- o médico amigo de Dona Nair insistia em seu humor infame.
- Meu pênis, doutor... O que vocês fizeram com ele ? Mesmo detestando o que ele considerava um corpo estranho, Adenair sabia que era um pedaço seu que havia sido estirpado. E lhe assustava a idéia de que ele pudesse ter ido parar numa cesta de lixo hospitalar...
- Fizemos um transplante. Ele agora pertence a um marombeiro adepto do sexo bizarro, que perdeu o dele quando recebia carinhos orais de um pitt-bull...
- Melhor assim ! - Animou-se Adenair - quando recebo alta ?
- Amanhã, se tudo correr bem. "Vai dar tudo certo", pensou o - ou melhor - a jovem. Vou virar uma linda mulher, como Jeitosinha, e conquistar o coração de Bruno !
No seu apartamento, Bruno ainda olhava fixamente a arma. Sentia-se ultrajado, perdido, confuso e traído. Mas não conseguia evitar que a imagem de sua loira amada lhe viesse à cabeça. "Onde ela estará agora ?", perguntava-se.
Mal sabia ele que Jeitosinha, naquele momento, abria a porta de entrada de sua casa para estar frente a frente com o pai que matara !

Qual será a reação de Ambrósio ?

Empolgante ! Sensual ! Nojenta ! A sua novela continua, em mais um capítulo inédito...

Capítulo XXII - A reação de Abrosio

Por trinta segundos, que pareceram uma eternidade, Jeitosinha e Ambrósio se encararam fixamente. Ela vinha aprendendo no bordel de Madame Mary tudo sobre a arte da dissimulação, e conseguiu camuflar o medo, a surpresa e a confusão mental que lhe causava a imagem, ali na sua frente, do homem que assassinara.

A expressão de Ambrósio era inocente, quase infantil. O fio de barba intermitente continuava a banhar-lhe o queixo. Com sua voz pastosa, após o constrangedor silêncio, ele perguntou:

- Quem é você?

Jeitosinha suspirou aliviada. Continuava sem entender o que havia acontecido. As marcas de cortes no rosto e braços de Ambrósio indicavam que ela realmente o havia ferido, mas talvez não tivesse consumado o crime, pensou. Talvez tenha sofrido alguma espécie de alucinação durante o ataque com a serra-elétrica. Talvez Ambrósio tenha conseguido sair da casa, se arrastando. Mesmo assim, quem limpara o chão e os móveis?

Nada disso era tão importante quanto o fato de que o pai, talvez pelo choque de ter sido vitimado pela própria filha, não conseguia reconhecê-la. "Deve ser algum tipo de defesa emocional", concluiu.

Muito mais desconfortável com a situação estava Arlindo. Seu plano de explorar a irmã se esvaziara, em parte, com a reação do pai ao vê-la. Se Ambrósio não reconhecia Jeitosinha, e havia perdido sua índole opressora, o que a irmã teria a temer?

De fato, a moça não tinha mais nada a perder. Depois da decepção com seu amado Bruno, e todas as emoções que tomaram sua vida de assalto, o futuro se configurava diferente. Ela trocou olhares com Arlindo. Sorriu, superiora, e ele entendeu o recado. Jeitosinha estava livre de sua influência maligna mas, curiosamente, não pensava em abandonar o bordel de Madame Mary.

A misteriosa mulher - que ela mal vira e que não poderia reconhecer sob a máscara - de alguma maneira fez com que recuperasse sua auto-estima. Na casa de encontros a aceitavam como ela era. E agora havia ainda Laura Croft, a linda ruiva que havia despertado estranhas emoções em Jeitosinha. Ela vinha, aliás, fazendo um esforço sobrehumano para esquecer Bruno, e tentava se apegar à emoção daquela tarde de prazer como se residisse ali a sua salvação.
Se Jeitosinha agora via o bordel como uma benção, isso não significava que ela perdoava Arlindo. Ao contrário, havia planejado para o irmão uma terrível vingança...
"Quanto aos pais, o próprio destino havia se encarregado da punição. Ambrósio era agora um ser desprezível, débil e deformado. E sua mãe, que presa a suas convenções sociais jamais encararia a separação, estava condenada a aturar aquele ser repugnante pelo resto de suas vidas.
Jeitosinha estava imersa neste tipo de reflexão quando alguém bateu à porta. Arlindo foi atender e deparou-se com uma morena exuberante, de mais ou menos trinta anos. Ela tinha cabelos negros e lisos, à altura dos ombros. Os olhos de um azul cristalino contrastavam com a pele clara. Mostrando um distintivo ela se apresentou:
- Sou a detetive Vanessa, da Polícia Civil. Vim investigar o desaparecimento de Ambrósio.
Todos na casa, inclusive o próprio Ambrósio, trocaram olhares surpresos.
Do outro lado da cidade, o angustiado Bruno toma sua decisão. Virando a arma em direção à própria cabeça, ele finalmente aperta o gatilho.

Ele morreu? Ele morreu? em mais um capítulo inédito!"

Ele morreu? Capítulo XXIII

A detetive Vanessa sentou-se no sofá que outrora estivera coberto pelo sangue de Ambrósio. Acendeu um cigarro e cruzou lentamente as pernas, numa cena que lembrava Sharon Stone em "Instinto Selvagem".
- Creio que você chegou tarde... - apressou-se em explicar Marilena - Meu marido já voltou.
- Ele é o Ambrósio? - Espantou-se Vanessa, sem conseguir esconder sua expressão de asco - E o que ou quem fez isso a ele?
- Ainda não sabemos - disse Arlindo.
- Com certeza foi algum acidente... - emendou Jeitosinha, um pouco nervosa.
A experiente Vanessa percebeu o ambiente pesado do lar. "Aqui, com certeza, se escondem grandes segredos", pensou. Fascinada por seu ofício, naquele momento a bela detetive soube que não teria sossego enquanto não desvendasse cada detalhe do que já chamava de "Caso Ambrósio".
- Conte-me, meu bom homem. Quem lhe feriu?
Ambrósio tremeu à simples lembrança de fragmentos da cena, que ele sequer conseguia verbalizar.
- N-não me lembro. Não quero saber. Eu estou bem.
A mulher tocou Ambrósio carinhosamente.
- Procure se lembrar... Estas marcas... Foi, sem dúvida, uma arma cortante. Talvez uma lâmina grossa... Uma serra...
- Não! - Ambrósio enconlheu-se, em pânico, protegendo a cabeça com as mãos...
Jeitosinha sentiu um arrepio na espinha. E se o pai recobrasse a memória?
A detetive Vanessa continuou seu trabalho. - Procure se lembrar... Uma pessoa, uma imagem...
Ambrósio subitamente silenciou-se. Com os olhos fixos na linda policial exclamou baixinho:
- Sim... Eu me lembro de algo. Sim!
- O que? O que? - A excitação de Vanessa era quase sexual.
- Foi ela! Foi ela! - gritou, apontando para Jeitosinha.
-É mentira! - Gritou Jeitosinha.
"-Cale-se! Deixe o homem concluir seu relato! - disse a detetive. E voltando-se para Ambrósio:
- Diga, senhor... Ela fez isso com você. E depois?
- Depois homens verdes, numa nave espacial me trouxeram de volta à vida!
A policial sorriu, constrangida, e abraçou o fragilizado Ambrósio.
- Homens verdes? É uma alucinação, sem dúvida... Por hoje é só. Mas me aguardem. Vou continuar as investigações.
Jeitosinha sentiu-se mais leve. Marilena e Arlindo olharam para o pai e para a loira, com expressões indecifráveis.
Longe dali, a primeira coisa que Bruno viu foi uma luz branca e intensa. O rosto de Jeitosinha sorria para ele, emoldurada por centenas de pênis de todos os tamanhos e formas. - Estou na paraíso! - sussurrou.
Mas o delírio foi interrompido pela penetração contundente de uma agulha de injeção. De olhos abertos, o confuso rapaz viu um homem de roupa alva, parado ao lado da cama de hospital onde estava deitado.
- Você nasceu de novo, filho. A bala acertou de raspão a sua fronte.
- O-onde estou?
- No ambulatório de um hospital público.
Bruno percorreu o lugar com os olhos e não acreditou no que viu. Com uma touca cobrindo os cabelos, adormecida na cama ao lado, encontrava-se ninguém menos que sua amada.
- Jeitosinha! - Exclamou.
- Só se for nome de guerra... - corrigiu o médico - Ele chegou aqui como Adenair e agora é Adenaíra...
- Adenaíra? - espantou-se.
- Sim... Ele submeteu-se ontem a uma cirurgia para mudança de sexo. Mas talvez nunca aproveite sua nova anatomia...
- Porque doutor? Porque doutor? O homem tomou um longo fôlego antes de explicar a Bruno o drama do ex-irmão, agora irmã, de Jeitosinha.


Gente, já pensou isso no cinema, com a Cameron Diaz de Jeitosinha?
Mais emoções e podridão domingo, em um capítulo inédito!" 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Jeitosinha XIX

Capítulo XIX - São ou não são...??

- Bruno, eu sempre te amei...
A declaração de Adenair, um desabafo cuspido pelo seu coração angustiado, deixou o sofrido namorado de Jeitosinha perplexo.

- Não, Adenair... Não é possível! Você é...
Como completar a frase ? O que era Adenair ? O que era Jeitosinha ? Quem era ele ? Quantas certezas jogadas fora! Quanta boiolice repentina, transformando sua vida num filme de Almodóvar !

- Durante muito tempo sofri em silêncio. Achei que nunca teria coragem de me expor. Mas desde que soube da condição de Jeitosinha, e percebendo que você ainda gosta dela, vi que por mais difícil que seja, meu sonho não é impossível. Me dê uma chance ! Você vai me amar também !

- Você não entende, Adenair ? Jeitosinha é diferente ! É uma mulher quase completa !
- Não tente se enganar, Bruno... - respondeu - Será que no fundo do seu coração você não tinha a percepção de quem ela realmente era? Você pode afirmar com certeza que é heterossexual ?

Ainda traumatizado pela experiência recente, Bruno percebeu que talvez Adenair tivesse razão. Mas ele não se sentia apto a penetrar o lodo de suas emoções. Reagiu rejeitando, com convicção a hipótese de que fosse gay.

- Sim, Adenair. Sou heterossexual. Aliás estou farto de tanta farsa e dissimulação. Quero encontrar uma mulher de verdade, que não me surpreenda com nenhum protuberância antinatural !
Bruno deixou para trás um Adenair magoado e arrependido. Sabia que desejava muito aquele homem, sentia-se mal por tê-lo provocado com palavras e estava disposto a qualquer sacrifício para tê-lo ao seu lado.

- Você quer uma mulher de verdade, Bruno ? - murmurou para si mesmo, já que o homem se afastara em passos rápidos - Pois eu serei uma. A mais bela, completa e exuberante que você já viu !
Adenair dormiu pouco aquela noite. Na manhã seguinte, procurou a velha dona Nair, parteira e amiga da família. Sem constrangimento, o rapaz contou à mulher o seu drama e lhe fez um pedido inusitado :

- Preciso mudar de sexo. Preciso me tornar uma mulher. Mas não tenho dinheiro, dona Nair ! Por favor, me ajude !

A velha coçou sua cabeça grisalha.

- Sei lá, menino... Nem cesariana eu consigo fazer, quanto mais extrair uma bingola.
Adenair cobriu o rosto e chorou convulsivamente.

- Mas eu conheço um médico que atende pelo SUS...

Os olhos do rapaz subitamente brilharam de esperança :
- Me leve até ele ! Me leve até ele !






Troca de sexo pelo SUS ? Bom, não me xingue : foi sugestão de um leitor...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Jeitosinha - XVIII

Tá quase acabando!! ooo troço longo!! ahuahuah

Capítulo XVIII - Será que Bruno e Adenair são...?

Ambrósio não conseguia se lembrar exatamente quem ele era. Imagens confusas de um travesti loiro com uma moto-serra lhe vinham à mente, enquanto ele reconhecia alguns trechos do caminho. Acabou chegando até a porta de sua casa, mas não teve coragem de entrar, especialmente porque não tinha a menor idéia de que lugar era aquele.

Viu que dois homens jovens conversavam, sentados num banco da varanda. O dia estava quase nascendo. Do outro lado da rua, Ambrósio reconheceu algo de familiar naqueles rostos.
Mas quem seriam ? Aliás, quem seria ele mesmo ? O homem subitamente percebeu que sequer podia lembrar-se de sua própria face. Procurou algum vidro ou espelho onde pudesse se ver refletido. Numa grande e quieta poça de água, viu sua cara monstruosa.

Com um grito aterrador correu rumo a um matagal próximo. Estava confuso e com medo.
Bruno e Adenair ouviram o grito, mas não deram muita importância.

- Você pode se abrir comigo, Bruno. Sei tudo a respeito de Jeitosinha.
- Tudo ? - surpreendeu-se.
- Sim... Ela é uma vítima, tanto quanto você...

Pelo comentário, Bruno percebeu que talvez Adenair não soubesse que a irmã era uma prostituta. "Se ela conseguiu me enganar, porque não enganaria o irmão?", perguntou-se. Tombando diante da pressão, Bruno chorou convulsivamente.

Adenair puxou-o em direção ao peito, abraçando-o e acariciando seus cabelos. Bruno pôde perceber que o toque e o suave perfume do rapaz lembravam muito os de sua irmã. Sentiu-se confortável por alguns minutos.

"Enxugando as lágrimas, Bruno viu bem de perto os olhos de Adenair, tão parecidos com os de Jeitosinha. Só então deu-se conta de que algo estranho acontecia ali: o apoio que estava recebendo, mais físico e mudo do que um simples diálogo, não é comum entre os homens.

- Adenair, porque você me abraçou deste jeito ? - perguntou, temendo a resposta.

Num matagal a poucos metros, Ambrósio começava a se dar conta de quem era. Talvez por um bloqueio, causado pela morte violenta ou pelo processo utilizado para trazê-lo de volta à vida, não associava o travesti loiro à sua amada Jeitosinha.

Mas já sabia que ele era o chefe daquela casa que reconhecera, e que estava deformado por alguma terrível razão, a mesma pela qual sentia-se impelido a manter-se escondido.
Na varanda da casa, Adenair começava sua revelação. Cada palavra pronunciava doía como um parto.

- Bem, Bruno... Também tenho um segredo...




Será que Bruno e Adenair... hmmm... Será ? E Ambrósio ? Vai querer vingança ?
As perguntas são as mesmas, provando que não é só a novela das oito que enrola a gente...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jeitosinha - XVII

Capítulo XVII - Bye bye Ets

Condenados a sair da história pelos leitores deste folhetim, que entupiram nossa caixa de e-mails com pedidos neste sentido, os Ets finalmente se preparam para voltar ao seu planeta ameaçado.

- O que você andou fazendo a tarde inteira ? - Perguntou um dos membros da equipe ao chefe da expedição, um cientista brilhante em seu mundo.
- Nada demais... Encontrei os restos de um humano esquartejado e, só para me distrair, o trouxe de volta à vida... - disse, apontando uma figura no canto do laboratório.
Toda a tecnologia dos homenzinhos verdes não foi suficiente para impedir que, visualmente, o resultado final ficasse sofrível. Mas era possível reconhecer, naquele homem repleto de cicatrizes, as feições de Ambrósio.
- Ele recuperou a memória e a razão ?
- Está um pouco confuso ainda... - disse o cientista.
- Talvez nunca volte a ser o que era antes, mas foi divertido brincar de de Deus e inverter a ordem natural das coisas, antes de deixar definitivamente este mundinho atrasado. Sabe-se lá o que este monstro fará nesta sua volta à vida...

A nave deixa o homem à beira da estrada deserta e levanta vôo rumo ao infinito.
Não muito longe dali um cabisbaixo Bruno faz seu caminho de volta para casa, ainda entorpecido pela descoberta de que sua doce Jeitosinha era uma garota de programa.

Como se não bastasse, sentia a confusão mental causada pela percepção de que sua experiência com o travesti no Bordel foi totalmente inconclusiva. Até o momento em que Jeitosinha interrompeu o ato sexual, ainda não havia encontrado prazer. Mas era difícil saber como a coisa iria terminar.
Bruno não tinha pressa para chegar a lugar nenhum. Precisava pensar e, talvez involuntariamente, acabou passando em frente à casa de Jeitosinha.

Sentiu um nó no coração ao ver a janela do quarto da moça. Saudades de um passado perfeito e uma profunda revolta por sentir que um futuro feliz havia sido abortado.

- Bruno ?
Por um momento pensou ser Jeitosinha, mas a voz que vinha da varanda escura da casa era mais grave.
- Adenair ?
- Sim... - disse o suave irmão da loira, aproximando-se. 

- Você não parece bem... Quer conversar ?

Bruno encarou Adenair.
Ele nunca havia percebido o quanto o rapaz se parecia com Jeitosinha !

- Não creio que você possa me ajudar...
- Talvez eu possa... - respondeu o moço, com a voz tremula de emoção e desejo.





Será que Bruno e Adenair... hmmm... Será ? E Ambrósio ? Vai querer vingança ?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A saga de Jeitosinha XVI

Capítulo XVI - Surpresa

Bruno havia bebido a tarde inteira, buscando no álcool a coragem necessária para por a prova sua masculinidade. Por isso mesmo, a imagem de Jeitosinha, naquele bordel de luxo, observando-o em pleno ato de amor com um travesti, pareceu uma alucinação ou um sonho.

- Amor... Não é nada disso que você está pensando! - disse o rapaz, sem muita inspiração.
Depois, recuperando a sobriedade, foi tomado por um tipo diferente de perplexidade.
- Mas... Espera aí... O que você está fazendo aqui? - perguntou Bruno à sua amada, enquanto a prostituta, prevendo o barraco, saia de fininho.

Cheia de revolta, Jeitosinha disse a primeira coisa que lhe ocorreu para ferir Bruno :
- O que lhe parece ? Pelo visto você prefere as morenas... Mas nós, loiras, somos muito boas na arte de enlouquecer os homens...
- Não pode ser, meu amor... Diga que é um sonho... Me belisca para eu sentir dor e acordar !
- Depois do que eu vi pela fresta da porta, tem certeza de que não tem nada doendo aí ? - Alfinetou jeitosinha, cheia de ironia.
- Não ! Você não ! Não pode ser ! Não pode ser ! Bruno puxava os próprios cabelos com violência e rolava pelo chão num desespero patético. Jeitosinha apenas jogou os cabelos longos para o lado, com aquele gesto superior com que as loiras costumam descartar os simples mortais, e retirou-se do ambiente.

Seu coração por dentro estava em frangalhos, mas o que Bruno viu foi a imagem de uma mulher fria.
Com passos precisos e a elegância de uma modelo, Jeitosinha atravessou o corredor e voltou ao escritório de Madame Mary. Lá dentro, tombou de joelhos e começou a chorar.

- Não pode ser, Madame Mary... Meu amado, Bruno... Um homem tão puro e íntegro... Aqui! Com aquela... aquela... - a certeza de que não era tão diferente da exótica morena impedia Jeitosinha de achar a palavra certa.
- Os homens são todos iguais, minha criança - disse Mary, acariciando a loira. Uns animais capazes de qualquer coisa por um momento de luxúria. Eles nunca saberão o que é o amor verdadeiro. É justamente isso que torna tão fascinante a nossa arte de sedução...
Jeitosinha levantou os olhos e, agarrando-se às pernas da misteriosa mulher, implorou :
- Ajude-me, Madame! Ajude-me a ser como você !
- Claro, querida... Claro....

Madame Mary sabia que tinha nas mãos um diamante em estado bruto. Um diamante pronto para ser lapidado na dor de um coração partido.
A maioria dos leitores que nos escreveram sobre o Folhetim acham que os ETs não têm nada a ver com a história. Eles ainda vão terminar o que começaram, depois vão embora para sempre...




Não perca mais um emocionante capítulo da novela mais absurda Internet brasileira !


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Jeitosinha cap. XV

O júbilo de Jeitosinha durou pouco. Se num primeiro momento a idéia de ter salvo a humanidade era alentadora, horas depois o que a fantástica experiência lhe causava era mais revolta e dor.
De que adiantava ter salvo o mundo, se não obteria pelo seu ato qualquer tipo de reconhecimento? Para o restante da humanidade, ela continuava sendo aquele ser anacrônico, discriminado por fugir dos padrões.


Só uma pessoa na cidade estava se sentindo mais angustiado: Thiago.

Num bairro distante, trancado em seu apartamento, o pobre rapaz refletia sobre a grande – bota grande nisso – emoção que sentiu em sua primeira noite de amor com Jeitosinha.


“Será que eu gostei porque era a minha amada?”, perguntava-se. “Ou será que tamanho prazer adveio do fato de que tratava-se de um homem? Sou hetero ou gay?”.
- Quem é você? – Gritou Thiago angustiado, olhando sua imagem no espelho.

Sentia-se sujo. Seus desejos o incomodavam, como se ele tivesse experimentado a fruta do pecado.
Mas sabia que Jeitosinha era uma vítima, como ele. Ele podia entender que a namorada era um modelo de virtude e pureza, e que seu gesto, ao seduzi-lo, era apenas uma grande manifestação de amor!


Por um momento, olhou para o problema sob outra perspectiva, muito menos dramática: “Sim, Jeitosinha é pura. ?? a minha Jeitosinha. Em nome desta pureza vale a pena continuar com ela!”, concluiu.

Se ela fosse um travesti vulgar… mas não! Ela foi criada como uma mulher, sob rígidos padrões morais! Quem sabe eles ainda pudessem ter uma vida juntos, mantendo a condição de Jeitosinha em segredo?

Num fragmento de sonho, Thiago se viu casado com ela, vivendo grandes noites de amor e criando duas crianças adotadas – Cléverson Luís e Suelen Aparecida – como se fossem seus filhos biológicos. Pensou em procurar a sua doce amada naquele mesmo momento e propor a realização do casamento, tão desejado em tempos menos complicados.

Mas antes precisava enfrentar seu próprio demônio interior. Precisava saber se o que sentiu naquela noite mágica foi amor ou pura volúpia. Precisava, enfim, fazer amor com outro travesti e colocar-se à prova!

Thiago resolveu que aquela noite iria a um bordel atrás de respostas. Iria buscar reviver, com uma vulgar criatura da noite, emoções tão… hã… grandes quanto as que viveu com sua inocente Jeitosinha.



Mal poderia imaginar a grande surpresa que o esperava…

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Jeitosinha Cap XIV

Jeitosinha e Arlindo nas mãos dos ETs

Lentamente Jeitosinha foi recuperando a consciência. Nos primeiros minutos, aquele cenário de ficção científica parecia apenas um sonho estranho. Mas à medida que as imagens ganharam contornos e cores - e que aflorou em sua mente a lembrança dos últimos momentos no carro - um indescritível pânico tomou conta de nossa heroína.

Seu grito agudo acordou Arlindo que, como ela, encontrava-se atado a uma chapa metálica, quase verticalmente.

A sala estava deserta mas, minutos depois, duas das criaturas verdes entraram no ambiente.
Mesmo sendo de uma espécie muito diferente, Jeitosinha sentiu que aqueles seres estavam muito tristes. Seus enormes olhos revelavam esta condição. Usando um estranho aparelho, que acoplado à boca do extraterrestre funcionava como um tradutor, a criatura que parecia liderar as demais dirigiu-se ao casal.

- Creio que lhe devemos explicações...
Jeitosinha e Arlindo estavam paralisados pelo medo. O homem verde continuou :
- Meu planeta está passando por uma crise terrível. Construímos uma civilização poderosa e avançadíssima. Controlamos todo a nossa galáxia, mas estamos condenados à extinção.

Os rostos curiosos dos irmãos não moviam um só músculo, enquanto o ET narrava sua história.
Ele explicou que, por um capricho da biologia que a ciência não conseguiu contornar, estava nascendo em seu planeta um número infinitamente inferior de mulheres, numa comparação com o número dos homens. Pelos cálculos dos cientistas, em não mais que quinhentos anos seu povo terá desaparecido, a não ser que se encontre uma alternativa para se reverter o quadro.

- Numa análise superficial - continuou a criatura - percebemos que talvez fosse possível utilizar as terráqueas para gerar nossos filhos. Se a idéia se confirmasse, nossa intenção era a de exterminar todos os homens e levar conosco as mulheres. Minha missão veio à Terra com o propósito específico de, analisando a anatomia feminina, abortar ou autorizar a operação.


O homem verde deixou-se desabar numa cadeira, vencido pelo desânimo.

- Mantivemos você sedada por seis horas - disse, dirigindo-se a Jeitosinha - e descobrimos, depois de estudá-la, que a máquina humana é muito mais complexa do que esperávamos. Vocês, mulheres terráqueas, são bastante parecidas com os homens.

Jeitosinha esforçou-se para não demonstrar sua enorme alegria : ao ser confundida com uma mulher, sem querer ela havia salvado a raça humana da destruição total !

- Vamos libertá-los e partir atrás de outros mundos. - Encerrou o ser.
Já de volta ao carro, ainda atônita por aquele turbilhão de emoções, Jeitosinha abraçou seu irmão e inimigo :
- Você entende, Arlindo ? Minha vida tem um sentido ! O que são nossas rusgas do dia-a-dia diante desta experiência tão avassaladora ?

Arlindo afastou Jeitosinha e esboçou um sorriso pálido.
- É, irmã. Foi bom. O dia está nascendo e devemos voltar para casa. Mas como a vida continua, amanhã você estréia no bordel.



O que estes ETs vieram fazer na história ? Será que se foram da mesma forma estúpida com que entraram ?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Jeitosinha Cap XIII

Reconciliação de Jeitosinha e Bruno

A família finalmente percebeu que Ambrósio estava desaparecido. Ele não havia voltado da pescaria nem dado sinal de vida. Marilena chamou a Polícia, que pareceu não dar muita importância à ocorrência. Os dois policiais fizeram poucas perguntas, anotaram um boletim de forma burocrática e se foram em poucos minutos, levando uma foto do homem.
Jeitosinha chegou em casa quase na hora do almoço. Os irmãos não perceberam que ela passara a noite fora, mas sua mãe sim.


- Onde você estava ? - Perguntou. Jeitosinha ignorou a abordagem.
- Sorte sua seu pai não estar por aqui. Ele não ia gostar disso... - insistiu Marilena, com um tom seco de reprovação na voz. A resposta da filha foi carregada de ironia :
- O que poderia preocupá-lo, mamãe ? O risco de que eu perca a virgindade ou volte grávida para casa ?
Marilena tentou acariciar o cabelo da filha, que afastou sua mão com um gesto brusco.
- Não me encoste ! Eu odeio você ! Um fio de lágrima escorreu pela face esquerda da sofrida mãe.
- Querida... Você é tão jovem... Tem uma vida pela frente ! Ainda há tempo de encontrar a felicidade...
- Como eu poderia ser feliz ? Eu sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem !
- Veja o lado positivo... - tentou consertar Marilena - Você não tem tensão pré-menstrual, não precisa sentar-se em privadas sujas de boate... Mantenha a calma e a resignação. Você ainda encontrará algum homem que a aceite como você é !

"Sim", conjecturou Jeitosinha. "Este homem talvez seja Bruno. Mas como ele estará se sentindo depois de nossa estranha noite de amor ?". Ela pensou durante todo o dia no seu amado, reunindo forças para enfrentar sua primeira noite no bordel de luxo.

Curiosamente, a expectativa de entregar-se a estranhos não a incomodava. Desde a revelação de sua condição, ela não se reconhecia naquele corpo. Não sentia que tivesse que zelar dele.
Eram nove da noite quando Jeitosinha entrou no fusca de Arlindo, rumo à casa de encontros. O local ficava próximo, mas era preciso percorrer um pequeno trecho numa estrada pouco movimentada.

Justamente quando passavam pela parte mais escura e deserta do percurso, uma luz surgida do nada cegou momentaneamente Arlindo, impedindo-o de dirigir. O rapaz pisou no freio abruptamente. Antes que pudessem esboçar qualquer reação, as duas portas do carro foram abertas, e o casal foi retirado de dentro do veículo por mãos poderosas.

Pouco antes de tomar uma descarga elétrica que a faria perder os sentidos, Jeitosinha pôde ver a face de seus raptores : eram homenzinhos verdes vestindo estranhos macacões prateados.




Jeitosinha e Arlindo nas mãos de Ets !

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Jeitosinha - Capítulo XII

Pretenções de Arlindo

Jeitosinha não acreditava no que acabava de ouvir. Desde a revelação de seu trágico segredo, sentia-se num pesadelo sem fim. Não bastasse todo o ódio em seu coração, o estranho desfecho da morte do pai e a perda de Bruno, seu amado, agora a nossa heroína era chantageada pelo cruel Arlindo !


- Você quer que eu me prostitua?
- Sim. - concordou o irmão, sem um pingo de emoção na voz - Existe um bordel de luxo aqui perto de casa... Pessoas exóticas como você podem ter um bom valor no mercado.
- Mas... Eu sou virgem ! Sou inocente ! - retrucou Jeitosinha, aos prantos.
- Pois você tem até amanhã para aprender o que precisa.


Arlindo deixou o quarto da loira batendo a porta. Adenair entrou em seguida, curioso em saber o que acontecera. Jeitosinha contou resumidamente a história.
- Mas não pode ser ! Você precisará matá-lo também ! - reagiu o enrustido, batendo o pezinho nervosamente.
- Sim, mas não poderei fazê-lo agora. Não com o estranho desaparecimento do corpo de papai. Precisamos desvendar primeiro este mistério. - disse Jeitosinha, recompondo-se.
- Então você...
- Não resta outra alternativa, Adenair. Terei que me submeter aos caprichos de Arlindo. E pode ter certeza : estarei mais pronta amanhã do que ele pensa !


Pela primeira vez desde o rompimento, Jeitosinha voltou àquela noite ao apartamento de Bruno. Encontrou-o em estado de total desespero, sorvendo doses e mais doses de uísque barato.
- Você destruiu a minha vida ! - Lamentou o jovem.
A loira, usando um vestidinho curto, sentou-se no seu colo. Numa explosão de luxúria, enfiou a língua na boca de Bruno, antes que ele pudesse esboçar qualquer reação.
Num primeiro momento ele retribuiu ao carinho, mas logo lembrou-se de que estava beijando um homem. Rejeição e desejo se sucediam em ondas no coração de Bruno. Mas ele havia bebido bastante e amava Jeitosinha...


No dia seguinte, consumada uma louca e completa noite de amor, a loira acordou e viu Bruno, de pé, contemplando-a . Ela abriu um sorriso, mas não foi retribuída.
- Você é tão bonita... - murmurou o rapaz, com um semblante que mais sugeria um lamento que um elogio.
- O que você achou da noite, meu amor ?
- Eu... Eu estou confuso... Foi tudo muito diferente... Me vi fazendo coisas que nunca imaginei ser capaz...
- Calma amor... - respondeu docemente Jeitosinha - Sente-se aqui ao meu lado. Vamos conversar melhor sobre isso...
- Bem... - respondeu Bruno, com um sorrisinho sem graça - podemos até conversar. Mas sentar eu não consigo...



Jeitosinha e Bruno irão se reconciliar ?

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Jeitosinha - Capítulo XI

Revolta de Arlindo

- Você nunca me enganou, Jeitosinha... - A voz de Arlindo destilava revolta e ódio.
- Vou contar seu segredo ao papai, assim que ele voltar da pescaria ! Aliás, vou contar ao mundo !
- Contar ao papai ? - Espantou-se a moça. Então Arlindo não sabia que o pai estava morto ! Não foi ele quem escondeu o corpo !
Jeitosinha estava tão fragilizada que acabou assumindo sua bizarra condição ao irmão.
- Sim, Arlindo. Sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem. Mas sou a maior vítima desta situação ! Eu lhe imploro : não revele o meu segredo !
- Não adianta, Jeitosinha... - retrucou o magoado Arlindo - Toda a minha vida brinquei com cavalinhos feitos de palitos de fósforo fincados em batatas, enquanto a princesa tinha os mais caros brinquedos. Toda a minha dormi espremido num beliche, com os pés do Amarildo tocando as minhas narinas, enquanto você tinha seu quarto e finos lençóis de seda...


Arlindo agarrou Jeitosinha pelos braços e fitou o fundo de seus olhos.
- Mas o que eu nunca vou perdoar mesmo foi aquela surra que levei quando descobri a verdade sobre você... - Arlindo tremia de rancor.
- Mas nem eu mesma sabia ! - Tentou defender-se Jeitosinha.
- Chega ! Chega de suas mentiras !
Arlindo virou-se em direção à porta. A irmã, desesperada, lançou-se ao chão e abraçou seus pés.
- Não, Arlindo... Por favor ! Eu faço qualquer coisa !
- Qualquer coisa ? - O tom do rapaz agora era mais suave. - Comece mostrando-se para mim. Quero vê-la nua !
Relutante, Jeitosinha livrou-se de suas roupas e revelou seu corpo perfeito de mulher.
Bem, quase perfeito.


- Não é justo... - Balbuciou Arlindo, apontando o apêndice que fazia de Jeitosinha um quadro surrealista - Até neste quesito você ganha de mim...
- Por favor, não seja rude comigo...
- O que ? - espantou-se o moço - Você imaginou que eu quero tocar você ? É ruim, heim ?
- Mas... O que você quer então ? - Perguntou a moça, voltando a se vestir...
- Você vai me render dinheiro, irmãzinha. Muito dinheiro !





O que Arlindo pretende ? Como Jeitosinha sairá dessa ?